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“O Hobbit”, de J.R.R. Tolkien, completa 78 anos

Por| 21 de Setembro de 2015 às 10h06

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“O Hobbit”, de J.R.R. Tolkien, completa 78 anos
“O Hobbit”, de J.R.R. Tolkien, completa 78 anos

Se você não passou a última década e meia desligado do mundo, é bem provável que já tenha ouvido falar em O Senhor dos Anéis. A história foi levada ao cinema por Peter Jackson e virou uma trilogia de enorme sucesso, renovando o interesse em torno das criações do autor da história original, o sul-africano J.R.R. Tolkien.

Contudo, antes de publicar a obra em que Frodo era incumbido da difícil tarefa de levar o Um Anel até os vulcões de Mordor a fim de destrui-lo, Tolkien fez sucesso com uma outra publicação: O Hobbit, livro que chegou às prateleiras da Grã-Bretanha em 21 de setembro de 1937, há 78 anos.

Sucesso imediato, O Hobbit conquistou o público e a crítica ao contar a história de uma criatura de tamanho diminuto, preguiçosa, comilona, porém muito astuta e valente. O título do livro fazia referência à raça do humanoide, que atendia pelo nome de Bilbo Bolseiro e vivia no Condado.

Há quase oito décadas, Tolkien lançava o livro que começaria a marcar seu nome na história da literatura mundial. Atualmente, sem nunca ter saído de moda, O Hobbit virou trilogia cinematográfica, jogo de videogame, jogo de tabuleiro e ainda continua a conquistar novos fãs.

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Ilustração de Tolkien mostra a colina do Condado. (Foto: Reprodução/Espólio de J.R.R. Tolkien)

“Num buraco no chão vivia um hobbit”

Todo o universo que serve de pano de fundo para as suas histórias já vinha sendo criado desde 1917. Grande entusiasta de contos de fada e lendas, Tolkien escrevia contos e poemas situados naquele mesmo ambiente. Foi no começo dos anos de 1930, porém, que ele começa a trabalhar na ideia de O Hobbit.

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Professor de anglo-saxão na Faculdade de Pembroke, na Universidade de Oxford, certa vez Tolkien teve uma inspiração repentina enquanto analisava documentos de estudantes que tentavam ingressar na instituição. Ao ver uma página em branco, ele escreveu “Em um buraco no chão vivia um hobbit”.

Nos anos seguintes, ele se dedicou à construção da história, que estaria pronta já em 1932. Então, enviou o rascunho para a apreciação de vários amigos, entre eles o também escritor britânico C. S. Lewis, autor de As Crônicas de Nárnia, que se empolgaram com a leitura e incentivaram a sua publicação.

Sala de entrada da casa de Bilbo. (Foto: Reprodução/Espólio de J.R.R. Tolkien)

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Coleção de influências e inspirações

De modo geral, tanto a obra completa do autor quanto O Hobbit, falando de forma mais específica, receberam pesada influência de outras correntes artísticas. O pintor e escritor britânico William Morris e o seu Movimento das Artes e Ofícios, com suas composições de paisagens e abordagens literária, está entre as principais influências.

Falando de forma mais ampla, também não somente O Hobbit, mas toda a obra de Tolkien tem uma influência pesada da antiga literatura anglo-saxã e da cultura nórdica, com seus mitos e lendas. Os compêndios Edda, de poesia e prosa nórdicas, estão presentes na forma em que a história é contada e, além disso, a concepção da fauna e da flora e até mesmo os nomes dos personagens do livro também trazem a mesma fonte de inspiração.

Há quem veja ainda paralelos entre a história de Tolkien e a obra Viagem ao Centro da Terra, do escritor francês Julio Verne — como a questão das mensagens rúnicas e também o próprio conceito de uma longa jornada rumo ao desconhecido em busca de um objetivo.

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Além de tudo isso, autores como os Irmãos Grimm, Samuel Rutherford Crockett e George MacDonald's, bem como textos religiosos do cristianismo, em especial a história do povo hebreu, também são apontados como influências. Até mesmo a experiência pessoal de Tolkien com os eventos da Primeira Guerra Mundial é indicada como inspiração.

Mapas e ilustrações

Tolkien era conhecido por ser perfeccionista — tanto é que é comum ver as explicações de seu filho Christopher a respeito do receio que ele tem de publicar os rascunhos inacabados de seu pai —, então, era de se esperar um grande envolvimento seu nas várias fases de concepção e publicação de uma obra.

Assim, Tolkien teve participação crucial também na hora de conceber os desenhos e as ilustrações que fariam parte da primeira edição de O Hobbit. Originalmente, o autor queria incluir cinco mapas na publicação e a editora queria apenas dois, nas páginas iniciais e finais da obra.

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Terras Ermas. (Foto: Reprodução/Espólio de J.R.R. Tolkien)

Mapa de Thror. (Foto: Reprodução/Espólio de J.R.R. Tolkien)

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Foram incluídos, então, os mapas de Thror e das Terras Ermas impressos em vermelho e preto (fotos acima). Depois, ele convenceu o pessoal da editora a incluir outras 10 ilustrações (algumas ilustram este texto). Cada uma delas servia para ilustrar uma determinada cena do livro, incrementando ainda mais o apelo infanto-juvenil da narrativa.

Detalhes na capa

Já que Tolkien estava tão disposto a dar vida ilustrando a sua própria obra, os editores o convidaram para cuidar do projeto gráfico da capa de proteção que cobriria a capa dura do livro. Assim, o autor empregou o uso de inscrições rúnicas nas bordas das páginas, que nada mais são do que transliterações do inglês com o nome do livro e informações sobre autor e editora.

Além disso, a ilustração mostra uma paisagem repleta de montanhas com florestas à base de todas elas. Alguns pássaros e nuvens no céu, o sol alto e uma estrada simples complementam a visão. Aprovada logo de cara, a única alteração dos editores foi remover o vermelho do sol a fim de baixar custos. Assim, a capa, hoje bastante conhecida, teria apenas quatro cores (branco, preto, azul e verde).

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Cobertura da capa criada por Tolkien. (Foto: Reprodução/Espólio de J.R.R. Tolkien)

Ligação com O Senhor dos Anéis

Dentro da cronologia do universo criado por Tolkien, os fatos de O Hobbit acontecem antes daqueles apresentados em O Senhor dos Anéis. De fato, as aventuras de Frodo Bolseiro são consequências diretas das aventuras de seu tio, Bilbo. Isso porque após o sucesso do primeiro, Tolkien foi convidado a escrever uma continuação.

Após negociar com a editora, ele resolveu fazer pequenas alterações em O Hobbit a fim de incluir a cena em que Bilbo toma o Um Anel de Gollum, pois é este artefato que gera todos os acontecimentos da trilogia O Senhor dos Anéis.

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Apesar de compartilharem basicamente a mesma estrutura, com uma aventura inesperada tendo um hobbit como protagonista, um grupo que vai para o Leste e todos sob a batuta do mago Gandalf, a abordagem realizada em O Senhor dos Anéis é muito mais séria, com os temas filosóficos e morais muito mais aprofundados.

Diante de Bilbo está o dragão Smaug sobre a sua pilha de tesouros. (Foto: Reprodução/Espólio J.R.R. Tolkien)

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Smaug sobrevoa a montanha. (Foto: Reprodução/Espólio J.R.R. Tolkien)

Adaptação para o cinema e negação da família Tolkien

Muita gente conheceu o mundo de J.R.R. Tolkien pelos filmes de O Senhor dos Anéis dirigidos por Peter Jackson, ou seja, O Hobbit, apesar de ser a primeira grande obra do autor, ficou desconhecido do grande público por muito tempo. Porém, o sucesso no cinema reviveu a glória de Tolkien e vários de seus livros voltaram às livrarias.

Assim, O Hobbit voltou com tudo e também ganhou a sua versão cinematográfica. Apesar de ser um livro curto, ele foi adaptado em três filmes, todos realizados por Peter Jackson. Sucesso de público, a nova trilogia não agradou tanto aos críticos como a anterior, especialmente por se arrastar demais para contar uma história simples.

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Parte das críticas negativas davam conta, também, das adições feitas por Jackson à história, julgadas desnecessárias por parte dos fãs e também da imprensa. De qualquer forma, as três obras tiveram um bom desempenho nas bilheterias. Nenhuma das adaptações cinematográficas agradaram os herdeiros de Tolkien.

“Eles estriparam o livro ao transformá-lo em um filme de ação para jovens de 15 a 25 anos de idade”, bradou Christopher Tolkien ao jornal francês Le Monde, em 2012, antes do lançamento da primeira parte da nova trilogia. “E parece que O Hobbit será o mesmo tipo de filme”, lamentou.

“Tolkien se tonou um monstro, devorado por sua própria popularidade e absorvido dentro do absurdo do nosso tempo”, comentou. “O abismo entre a beleza e a seriedade do trabalho e aquilo que ele se tornou me destrói. A comercialização reduziu a nada o impacto estético e filosófico da criação. Há apenas uma solução para mim: virar a cabeça para o outro lado”, concluiu o executor do espólio de J.R.R. Tolkien.

Bilbo e os anões descem o rio dentro dos barris. (Foto: Reprodução/Espólio de J.R.R. Tolkien)

Legado gigantesco

Apesar das reclamações de Christopher Tolkien, as adaptações cinematográficas das obras de seu pai ajudaram a alçá-las a um posto ainda mais importante dentro da literatura inglesa e mundial. Atualmente, o livro tem parte importante na educação dentro do Reino Unido, servindo como porta de entrada à literatura daquele país para novos leitores.

Atualmente, O Hobbit pode ser encontrar em inúmeras edições de livros, histórias em quadrinhos, jogos eletrônicos para basicamente todas os consoles e plataformas, jogos para tabuleiro de mesa, bonecos de ação dos mais variados e muito mais. O pontapé inicial de Tolkien há quase 80 anos continua rendendo muitos frutos.

Fontes: The Tolkien Society, Le Monde, The New York Times, The Mythopoeic Society