Estrela "morta" volta à vida ao se alimentar de companheira e explode em seguida
Por Patricia Gnipper | 18 de Agosto de 2016 às 09h33
Há sete anos, uma estrela binária explodiu repentinamente depois de ter seu brilho aumentado em milhões de vezes em um curto intervalo de tempo. Agora, cientistas poloneses que vinham estudando o ocorrido descobriram o que aconteceu: basicamente, a estrela estava hibernando quando se carregou e virou termonuclear.
O estudo foi publicado na renomada revista Nature, e os astrônomos que o conduziram registraram que o sistema estelar em questão (chamado V1213 Cen, localizado a 23 mil anos-luz da Terra) é composto de duas estrelas muito próximas uma da outra, sendo uma anã vermelha e um núcleo estelar morto que é chamado de anã branca. Esses sistemas binários são bastante comuns no universo, tratando-se de uma relação parasitária na qual a estrela morta se alimenta da estrela viva enquanto desvia matéria pelo cosmos, o que pode resultar em explosões conhecidas como nova anã.
A imagem mostra o ciclo de vida da estrela V1213 e sua posição observada a partir do telescópio (Reprodução: J. Skowron, K. Ulaczyk/Observatório da Universidade de Varsóvia)
Nesse tipo de sistema binário e parasita, em algum momento da relação à estrela morta acabará agregando hidrogênio fresco e hélio suficientes para gerar temperaturas e pressões extremamente altas, o que acaba resultando em uma reação de fusão termonuclear em que quantias extraordinárias de matéria e energia são liberadas no espaço - e essa explosão ilumina o céu com uma nova clássica cujo efeito é rápido, mas muito brilhante. E foi justamente esse momento que foi observado pelos astrônomos que analisavam a V1213 Cen.
Apesar das novas clássicas já serem antigas conhecidas pela comunidade científica, era muito difícil estudá-las devido a rapidez que explodiam. Mas observar o fenômeno da V1213 foi possível graças ao Optical Gravitational Lensing Experiment, da Universidade de Varsóvia, um projeto que estuda estrelas a longo prazo e que já vinha observando a estrela que explodiu em 2009 pelos seis anos anteriores a essa data, e seguiu analisando o sistema estelar após a explosão até os dias atuais.
A descoberta reforça um modelo proposto por cientistas que ainda não havia sido testado. Chamado “hipótese da hibernação”, ele sugere que, depois de uma nova clássica, a taxa de transferência de massa entre duas estrelas é elevada por séculos a seguir. Esse sistema permanece, então, brilhante tal qual era antes da explosão, mas, com o passar de milhares ou milhões de anos, a alimentação é cessada por um tempo e a anã branca entra em uma fase de hibernação, despertando depois de um tempo para devorar a companheira e reiniciar esse ciclo.