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Crítica | Na Mesma Onda: mais um para a prateleira de tragédias adolescentes

Por| Editado por Jones Oliveira | 26 de Março de 2021 às 21h00

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Crítica | Na Mesma Onda: mais um para a prateleira de tragédias adolescentes
Crítica | Na Mesma Onda: mais um para a prateleira de tragédias adolescentes
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Romances trágicos costumam atrair tanta popularidade quanto as comédias românticas e geralmente são uma boa pedida para quem procura se emocionar com uma história de amor baseada em acontecimentos reais. Desde o início dos anos 2000, o nome de Nicholas Sparks tornou-se um nome-referência no gênero. Entre seus mais de 20 livros publicados, 11 já foram retratados nos cinemas e resultaram em filmes de arrancar lágrimas do público, como Diário de uma Paixão e Querido John.

Na última década, esse teor ganhou um tom mais jovem a partir dos livros de John Green, cujo livro A Culpa é das Estrelas apresentou um casal de adolescentes com câncer, que se conheceram por meio de um grupo de apoio (esse tipo de história até possui um nome próprio na literatura, o sick-lit, que nada mais é do que romance entre personagens doentes). O sucesso acabou incentivando outras tragédias de amor ganharem mais espaço, como A Cinco Passos de Você e Como Eu Era Antes de Você.

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Nesta quinta-feira (25), a Netflix abriu espaço na sua prateleira de romances para o italiano Na Mesma Onda (Sulla Stessa Onda, no idioma original) que traz um casal protagonista estreante para as telas, num romance inocente que mais tarde promete emocionar o espectador.

Atenção! A partir daqui o texto pode conter spoilers do filme. Leia por sua conta e risco.

Na Mesma Onda já começa com um deleite visual que chega a ser covardia para o espectador visto o momento que o mundo se encontra, confinado pela pandemia de COVID-19. Filmado nas praias da província italiana de Palermo, o longa não economiza nas tomadas ao pôr do sol e cenários naturais que gritam o sentimento de amor de verão, inocente e jovial — e é exatamente isso que Sara e Lorenzo, dois adolescentes (interpretados pelos estreantes Elvira Camarrone e Roberto Christian, respectivamente) viverão nos minutos seguintes.

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O casal se conheceu numa espécie de acampamento de verão para velejadores, rodeados de areia, água salgada e muito romance praiano embaixo do brilho do sol. O filme introduz os personagens antes mesmo de ambos se conhecerem, o que permite o espectador acompanhar a evolução do relacionamento desde seu princípio, assistindo as mais apaixonadas declarações e toda a inocência que envolve o primeiro amor.

Não demora muito para o sonho de veraneio ter um fim, assim como o retorno de Sara para a vida real. Após um acidente no acampamento que logo se repetiu na volta para casa, a adolescente se machuca e é levada ao hospital, onde descobre que sofre de distrofia muscular, um elemento muito presente na equação das histórias de John Green e até mesmo de Nicholas Sparks.

Embora muito complicada de se retratar na tela, a presença da distrofia muscular de Sara na história leva aos acontecimentos genéricos nesse tipo de filme: a atitude fatalista do pai ou da mãe; a fase do negacionismo; a hesitação em contar para o amado de sua condição e, finalmente, os momentos de amor misturados com o sentimento de ser a última vez. Vale destacar que a escolha dos protagonistas foi certeira para o casal, cuja inexperiência cinematográfica trouxe a inocência necessária para retratar todo o momento de "primeiras vezes" para Sara e Lorenzo, que vivem o primeiro romance de suas vidas — e no caso da garota, o último.

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Ambos os atores se entregam de uma forma que o espectador se sinta um mero intruso em algumas cenas pela atmosfera intimista criada diante das câmeras. No entanto, nem mesmo o desempenho de Camarrone e Christian são capazes de sustentar a hora que está por vir no restante do filme.

É notado um cuidado com os sentimentos dos personagens, principalmente o de Lorenzo, cujas emoções se estendem para suas roupas mesmo quando ele não é capaz de expressá-las. O figurino que leva créditos de Marta Passarini atentou-se para os tons escuros no vestuário do rapaz, que no início do filme carrega sua aura alegre e jovial acompanhada de tons claros e fortes em suas peças, e a partir do momento em que descobre a doença da namorada, só é visto vestindo tons escuros e pouco vibrantes.

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Outro detalhe esquecido é justamente a paixão que levou os dois personagens a se conhecerem: a vela. O esporte é utilizado no início do filme e relembrado nos minutos finais, sem ser mencionado uma única vez nesse meio tempo, por mais compreensível que seja sua prática ter sido deixada de lado pela condição de saúde de Sara. Porém, esse elemento que se mostrou tão importante na introdução da história acaba fazendo até mesmo o título do filme perder seu valor (como aconteceu em dezembro com o original Netflix Um Brinde ao Natal, que de Natal não tem nada).

Há um esforço de fazer acontecer, e isso é visto nitidamente na tela. Tanto pela inserção de coadjuvantes e suas histórias, que embora não tenham tanto desenvolvimento quanto a principal, pouco conseguem atrair. No final das contas, Na Mesma Onda acaba sendo apenas mais um título do gênero com boas intenções, mas caindo no limbo do amadorismo e tornando-se facilmente esquecível. A dúvida, no entanto, fica para o roteiro e direção, que marca o primeiro longa-metragem da carreira da dupla de cineastas italianos Massimiliano Camaiti e Claudia Bottino.

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Na Mesma Onda não extrapola em sua duração, mas pode tornar-se entediante se não fisgar o público com a história proposta — o que não é muito difícil de se acontecer. Não dá para negar que o longa promete agradar aos fãs do gênero, mas é pouco provável de ser tão memorável quanto os já citados A Cinco Passos de Você ou até mesmo A Culpa é das Estrelas.

Oferecendo belas paisagens, dedicação do elenco principal e atenção com detalhes pontuais, Na Mesma Onda está disponível na Netflix.