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Crítica | Histórias para Vestir traz afeto em forma de linha, agulha e tecido

Por| Editado por Jones Oliveira | 07 de Abril de 2021 às 11h37

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix
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Uma peça de roupa não é apenas algo usado para proteger o corpo e esconder as partes íntimas, como pode ter sido ainda no início da vida humana na Terra. Hoje, pedaços de pano são uma forma de expressar, seja criando um estilo único ou ainda identificando a qual "tribo" você pertence, mostrando também a sua personalidade. Mas, além disso, camisas, casacos, blusas, chapéus e sapatos carregam histórias, independente da intensidade.

E são essas histórias que a série Histórias para Vestir, da Netflix, decidiu contar. Inspirada em um livro de mesmo nome da autora Emily Spivack, que se tornou best-seller nos Estados Unidos, a produção traz diferentes personagens da vida real para contar suas histórias com peças de roupa. Sentados em frente à câmera, segurando a peça que faz parte da sua vida, eles contam suas relações com esses pedaços de tecido, que são mostrados em forma de dramatização e animações, tornando a série tão divertida quanto emocionante.

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Atenção: esta crítica pode conter spoilers da série Histórias para Vestir!

A série não conta uma história a cada episódio, mas sim diversas delas em apenas um, se aprofundando nas histórias mais marcantes e intensas e intercalando com as mais breves. Algumas das histórias são tão breves que podem durar apenas algumas frases e poucos segundos de tela., e isso não significa, no entanto, que os casos mais curtos não tenham o seu valor, muito pelo contrário. Essas histórias mais breves são mostradas para intercalar as mais fortes, que também não são contadas de uma vez, mas sim em fragmentos ao longo dos 30 minutos de episódio.

Basicamente, cada episódio traz temáticas diferentes que são conectadas através dos personagens, cada história proporcionando um tipo de emoção diferente que, no fim, se transformam em sentimentos positivos que mexem com as emoções. Muitos dos casos, inclusive, são extraídos de situações que até podem não ter sido relacionados às peças anteriormente por essas pessoas, com a série mostrando que cada roupa tem uma história, basta você parar para refletir sobre os momentos em que viveu com ela e aguardar o sentimento que pode surgir.

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A trama poderia ser muito bem construída apenas com os depoimentos das pessoas, mas as dramatizações, animações em 2D e colagens que são mostradas com as histórias trazem um pouco mais de leveza nos casos, deixando até algumas situações mais divertidas, mesmo que tenham sido trágicas em algum momento da vida e hoje deixem apenas lembranças boas. A forma visual que complementa a história ajuda a trazer um contexto mais imersivo a quem está assistindo, sendo tão interessante que pode acontecer, em alguns momentos, de você esquecer que estamos falando sobre histórias de peças de roupas.

Histórias para Vestir não se apega somente às peças pessoais, como também nas que são usadas no dia a dia profissionalmente, como uniformes. As pessoas contam o quanto essas roupas iguais que são vestidas todos os dias representam uma conquista e uma chance de ser alguém no mundo. Vemos também a não-relação das pessoas com as roupas, com uma comunidade na Flórida que pratica o naturismo, e também peças que não são, necessariamente, roupas, como uma coberta feita de retalhos por uma mãe para entregar ao filho que teve dentro da prisão. Muitas histórias são tão bem aprofundadas que temos o sentimento de que o tecido é apenas um mero detalhe.

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A série Histórias para Vestir consegue emocionar e divertir na mesma proporção, trazendo um formato satisfatório de contar histórias com cenas dinâmicas e falas que vão direto ao ponto. É difícil assistir aos episódios e não se flagrar emocionado ou ainda sorrindo com o carisma dos personagens escolhidos, muitos deles mostrando todas as suas fragilidades e superações que trazem identificação a diferentes tipos de pessoas e histórias de vida.

Histórias para Vestir está disponível na Netflix em oito episódios.