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Experientes com mente empreendedora: como a Tetris IT seleciona desenvolvedores

Por| Editado por Claudio Yuge | 03 de Novembro de 2021 às 19h20

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Reprodução/Adam Nowakowsk/Unsplash
Reprodução/Adam Nowakowsk/Unsplash

Grande parte dos desenvolvedores de Software são introvertidos. É um senso comum reconhecido por Mozart Medeiros, fundador e CEO da Tetris IT, consultoria de outsourcing (terceirização) de profissionais de tecnologia da informação (TI). Mas apesar de respeitar isso, o executivo busca manter um diferencial para a empresa: achar programadores não apenas altamente qualificados no aspecto técnico, mas também com mentalidade empreendedora, nas palavras dele.

Surgida em 2019 no Rio de Janeiro, a companhia presta serviço para 14 empresas e ajudou a alocar 35 profissionais. São números discretos, mas alguns dos clientes já atendidos são marcas bem reconhecidas no mercado: a fabricante de cervejas Heineken, o banco BTG e a distribuidora de combustíveis Ipiranga. Esse nível alto pode ser atribuído não só ao grau de exigência da Tetris, como também à experiência de Medeiros, que foi executivo de TI na multinacional de soluções digitais Tivit.

Seu emprego anterior ajudou a formatar o negócio próprio, pois rendeu muitos contatos na área, que depois tornaram-se seus clientes. Por isso nesses dois primeiros anos ele adotou um fluxo diferente da maioria das empresas: ele é quem procura os clientes, em vez do inverso. "Eu só atendo um cliente quando gosto do trabalho dele e tenho um relacionamento bom com ele, porque senão queimaria a minha empresa", argumenta. E diz ter outro bom motivo para isso: manter uma boa tava de retenção de profissionais. "Por alocar as pessoas em projetos de inovação, consigo retê-las e pagar um valor um pouquinho acima do mercado, para não ficar renegociando." No entanto, Medeiros não citou valores salariais de seus desenvolvedores.

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A seleção

A Tetris mantém dois tipos de atuação em seus processos de contratação: a busca ativa e a passiva. No primeiro caso, a equipe de recursos humanos da empresa busca ativamente profissionais nas plataformas de recrutamento e no Linkedin, além de uma plataforma própria, ainda sem nome, que guarda currículos de futuros interessados. Já da forma passiva, o RH anuncia a vaga e espera os candidatos irem até a empresa. Na triagem do currículo, normalmente procura-se desenvolvedores full stack, isto é, capazes de fazer programação tanto na interface dos programas (front end) quanto o que não acontece a olhos vistos no programa (back end). As linguagens mais demandadas são .net, Java, Python e em conceitos de DevOps (que une desenvolvedores e operadores de software).

Para o executivo, é muito difícil achar essas pessoas porque muitas delas já estão empregadas. O Brasil tem hoje um déficit de 200 mil desenvolvedores . "É um cenário de guerra, então não tem muito o que fazer: é busca ativa mesmo, entrando em contato com eles. Enviamos de 30 a 50 e-mails por dia. O RH tem um trabalho muito braçal. A nossa plataforma acessa um banco de currículos para ficar mais fácil, mas o cara no meu banco provavelmente já arrumou emprego, então esse sistema precisa ser retroalimentado o tempo todo", explica.

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Depois vêm as avaliações. O RH faz um primeiro contato com o candidato com testes comportamental e técnico. Os melhores dessa fase vão para a empresa cliente, que convidam ou não para entrevistas, normalmente acompanhadas de Medeiros e uma tech recruiter da Tetris.

Apesar de eventualmente escalar profissionais mais com perfil "executor", isto é, que faz basicamente as tarefas solicitadas, Medeiros gosta mais de escolher programadores "que queiram crescer, são ambiciosas, que queiram puxar e alavancar a empresa com ele". Mas deixa claro que as preferências de escolha de seleção são sempre dos clientes. "Eles têm pedido os de perfil mais analítico do que os de execução. Estão exigindo também exigindo pessoas que trabalham sob pressão, é praticamente um pré-requisito."

Uma coisa que também tem aparecido muito nos desenvolvedores da Tetris é a preferência por trabalhar em casa. Aquela mentalidade de ir a escritórios "divertidos" estilo Google não tem estado tão mais na moda desde que a pandemia de covid repensou conceitos. "Toda a estrutura física do escritório se tornou pouco relevante ao profissional de TI, então a mentalidade da empresa e o tipo de chefe, de entender a ideia de um ambiente corporativo digital, é mais interessante para eles e faz todo o sentido para a Tetris", define Medeiros. "Acho também que o pessoal de TI tem um perfil um pouco mais introvertido, gosta de trabalhar com mais tranquilidade, sem tantas interações".

Embora não fale em dinheiro, Medeiros diz que seus desenvolvedores oscilam dentro das faixas salariais vistas no mercado. "Às vezes um deles fura o teto e outro recebe menos do que essa faixa, por não saber negociar", afirma. No quesito benefícios, dão plano de sáude, vale refeição e alimentação, mas isso apenas para os que querem trabalhar no regime de carteira assinada. A maioria, porém, prefere ser pessoa jurídica, porque ganham mais "Justamente por isso, a ausência de benefícios compensa e ele mesmo os escolhe e contrata por fora. O PJ tem uma liberdade maior", diz.