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Valuation: afinal, como calculo o valor da minha empresa

Por| 04 de Setembro de 2017 às 10h46

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Valuation: afinal, como calculo o valor da minha empresa
Valuation: afinal, como calculo o valor da minha empresa

Uma dúvida muito comum que se passa pela cabeça de um empreendedor é: “quanto vale o meu negócio”. Muitas vezes, responder esta dúvida é questão de sobrevivência, pois ao ter um negócio em declínio, o empreendedor deseja vender sua empresa.

Existem diversos métodos que podem ser usados. Mas irei me ater neste artigo a explicar dois destes métodos.

Intuitivamente, o empreendedor em geral quer recuperar tudo o que investiu na empresa. Móveis, equipamentos, maquinários, entre outros. Pois bem, este método de cálculo é chamado de avaliação pelo “Valor Patrimonial”. Por este método, apura-se o valor contábil (valor investido menos a depreciação do bem), para chegar-se a um valor. Um contador consegue facilmente apurar este valor.

Porém, existem aí duas situações a considerar. Na primeira, o valor calculado pode ser muito superior ao retorno que o investidor teria, afugentando-o. Por outro lado, pode-se ter empreendimentos em que o investimento foi muito baixo, mas a possibilidade de retorno é altíssima. Imagine um aplicativo, desenvolvido por um estudante em casa, mas que tenha o potencial de gerar milhões em lucros.

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O nome técnico para o método em que se avalia a perspectiva futura dos retornos é “Fluxo de Caixa Descontado”. Este é o método mais comumente usado. Tende a ser mais “justo”, pois procura-se chegar ao valor que realmente aquele negócio irá gerar ao longo do tempo. A fórmula geral deste método está expressa abaixo, em que VP significa o Valor Presente do meu negócio. É uma sopa de letrinhas que iremos destrinchar.

Primeiramente, vamos explicar o que significa a palavra “descontado” neste método. Vamos usar um exemplo muito simples. Imagine que você aplique R$ 1.000 na poupança, que rende aproximadamente 6% ao ano. Ano que vem você terá R$ 1.060. Isso significa que R$ 1.060 daqui a um ano vale hoje R$ 1.000, ou seja, você descontou este fluxo de caixa por uma taxa, neste caso de 6%. O mesmo raciocínio se aplica a uma empresa. Há métodos matemáticos para se determinar a taxa, que fogem ao escopo deste artigo, mas conceitualmente, a taxa deve refletir o risco do seu negócio, considerando seu negócio em si e o ambiente no qual ele está inserido. Isto mesmo, o ambiente influencia, e isto está refletido na taxa de juros básica, a Selic, atualmente em 9,25% ao ano. Não faz sentido utilizar uma taxa inferior à Selic, pois o investidor pode investir em títulos do governo federal, com baixíssimo risco, à esta taxa.

O outro elemento essencial deste método é calcular o fluxo de caixa futuro (FC), ou seja, quanto aquele negócio irá gerar considerando a entrada em caixa e retirando todos os gastos (seja investimentos ou despesas), ano a ano, representado na fórmula por FC1, FC2, até o período “n”. Para negócios muito estáveis, pode-se gerar um fluxo de caixa para até 20 anos. Mas em se tratando de negócios de tecnologia, é muito difícil prever o futuro. Dada a alta incerteza, projetar 5 anos é suficiente. Você pode estar pensando: “- Puxa, mas meu negócio vai continuar existindo depois do quinto ano”. Por este motivo, aparece a parte em verde na fórmula, que se refere ao fluxo de caixa residual. Para este cálculo residual, utiliza-se também uma taxa estimada de crescimento “C”.

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Vamos exemplificar o uso da fórmula. Digamos que você tenha um negócio, cuja perspectiva é gerar do ano 1 ao ano 6 os seguintes retornos de fluxo de caixa anuais: R$ 300 mil, R$ 400 mil, R$ 500 mil, R$ 600 mil, R$ 800 mil, e R$ 1 milhão, com crescimento de 5% ao ano a partir do sexto ano. Usando uma taxa suposta de 20% ao ano para descontar este fluxo de caixa, você terá o seguinte valor para seu negócio:

Ou seja, este negócio teria um Valor Presente de R$ 4.107,16 (em milhares de reais). O investidor certamente irá negociar e dizer que o risco é maior, ou que a possibilidade de gerar caixa não seja tão elevada, mas é um excelente ponto de partida, para iniciar a negociação.

Esta coluna que se inicia hoje tem por objetivo trazer conhecimento acadêmico da área de empreendedorismo e administração em uma linguagem simplificada, para ser utilizada pelos empreendedores que não são formados na área de gestão. Dê suas sugestões nossos futuros artigos: empreendedorismo@canaltech.com.br