Índia quer "ar-condicionado capado" para economizar energia; entenda a proposta
Por Vinícius Moschen • Editado por Léo Müller | •

O governo da Índia está procurando medidas para reduzir o consumo de eletricidade por aparelhos de ar-condicionado. Novas regras tentarão limitar as configurações de temperatura de novas unidades vendidas, para que não gelem tanto. A ideia é impedir o uso do aparelho na temperatura mínima para economizar energia.
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Em junho, o ministro Manohar Lal Khattar propôs uma regra exigindo que os aparelhos de ar-condicionado vendidos no país tenham temperaturas configuráveis a não menos que 20 °C. Atualmente, a configuração mínima é de 17/16 °C.
Estimativas realizadas previamente apontam que cada grau aumentado economiza cerca de 6% na energia consumida pelo ar-condicionado.
Em um país com mais de 1,4 bilhão de pessoas, as economias podem atingir uma magnitude bastante alta. Cerca de 10 a 15 milhões de aparelhos de ar-condicionado são vendidos anualmente na Índia, em ritmo acelerado.
Fatores como o aumento da renda, urbanização e temperaturas fazem com que o país tenha o maior crescimento do mundo nas vendas de ar-condicionado.
Khattar apontou que a regra proposta entrará em vigor em breve, mas não especificou datas.
Consumo de ar-condicionado é grande problema na Índia
Especialistas em energia consideram a proposta um passo positivo, mas ressaltam que exigir unidades mais eficientes teria um impacto maior.
Os aparelhos estão se tornando grandes consumidores de energia na Índia. Em 2024, os aparelhos de ar-condicionado representaram até 25% da eletricidade necessária nos horários de pico, segundo levantamentos locais.
Além disso, novas unidades adicionadas entre 2019 e 2024 aumentaram a demanda de pico da Índia em um valor equivalente ao necessário para alimentar a capital Nova Delhi por um ano, segundo estimativa da Universidade da Califórnia.
No verão, as temperaturas podem chegar a 51 °C em algumas regiões indianas. Nova Delhi e outras grandes cidades têm picos de consumo durante a tarde e meia-noite, impulsionados por ar-condicionados, segundo o pesquisador Nikit Abhyankar.
“A energia solar pode compensar a demanda diurna, mas o resfriamento noturno ainda depende de combustíveis fósseis.”, alertou ele.
Sem mudanças, a Índia deve enfrentar escassez de energia até o próximo ano.
Atualmente, escritórios governamentais já devem ser resfriados a no mínimo 24 °C. Em 2022, o governo lançou o programa Mission Life, com mensagens que incentivam a redução de emissões.
Outro problema é a falta de eficiência dos aparelhos vendidos na Índia, a ponto de serem proibidos em outros países.
“Embora a Índia importe componentes da China, quase 80% dos aparelhos vendidos lá seriam banidos na China.”, diz Abhyankar.
Além do ar-condicionado mais quente, outras medidas sugeridas para reduzir o consumo incluem melhorar a ventilação em prédios novos, e combinar o aparelho com outros métodos de resfriamento, incluindo ventiladores.
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