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Demonstração de Mafia 3 mostra que o jogo é muito mais que um GTA de época

Por| 19 de Junho de 2016 às 09h53

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Como uma das filhas de GTA, a série Mafia sempre trouxe consigo o fardo da comparação. Com uma fórmula bem semelhante à utilizada pela Rockstar na hora de contar suas histórias, a franquia decidiu fazer uma abordagem diferente sobre o submundo do crime. Ao invés de trazer situações do cotidiano, ela voltou aos livros de história para recontar como essas organizações criminosas agiam em cidades em décadas passadas. Não por acaso, o apelido “GTA de época” pegou.

Com Mafia 3, essa mesma comparação se repete. Porém, isso está longe de ser um problema, principalmente por conta do excelente trabalho de ambientação realizado pela equipe da 2K Games na hora de recriar a região de New Orleans durante a década de 60, que se revela o grande diferencial e o charme do game. Aproveitando-se do clima da Guerra Fria, da ascensão criminosa na região mais ao sul dos Estados Unidos e lidando com toda a questão racial da época, o título mostra que não há nenhum problema em seguir a cartilha criada por seu irmão mais velho.

Bem-vindo a New Bordeuax

O novo Mafia 3 nos leva diretamente à New Berdeaux, uma cidade fictícia inspirada na região de New Orleans, mas com muitos aspectos que remetem à realidade da época. O local foi tomado pelo crime organizado, sobretudo após a chegada da máfia italiana ao local.

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E esse contexto histórico é mais do que importante, pois é o que dá o tom a tudo aquilo que a 2K está fazendo. A década de 1960 é marcada pelo auge da Guerra Fria e os Estados Unidos estavam em sua caça aos comunistas. Enquanto o pensamento macarthista ocupava a cabeça dos políticos, as organizações criminosas tomavam conta de regiões menos “interessantes”. E é um pouco disso que o game retrata.

Tanto que o próprio protagonista é fruto dessa realidade. Lincoln Clay é um veterano da Guerra do Vietnã que, abandonado pelo seu país após voltar do conflito, vê seus amigos serem assassinados por esses mafiosos. E é esse desejo de vingança que faz com que ele acabe se envolvendo com gente tão perigosa quanto.

A demonstração de Mafia 3 apresentada nesta E3 focou bastante neste aspecto pessoal do game, mostrando que o estúdio fez um ótimo trabalho não apenas para ambientar o período, mas de criar personagens que explorem bem esse tipo de realidade. Mesmo não aprofundando muito a história, vimos um pouco do que Clay é feito e do que ele é capaz. E o que mais chama a atenção aqui é o quanto, mesmo em alguns poucos minutos de apresentação, foi interessante acompanhar os dilemas do protagonista.

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E sua missão de limpar New Bordeaux desses mafiosos pode ser feita de diferentes maneiras. Cada região possui uma espécie de líder dentro da facção criminosa e o jogador precisa realizar uma série de pequenas tarefas para enfraquecer a sua influência naquela área, como destruir produção de drogas, acabar com orgias ou matar traficantes. Com isso, você chega cada vez mais perto do chefão daquele local e também de seu objetivo.

Uma cidade, várias faces

Na demonstração apresentada, por exemplo, o alvo era o irmão de um mafioso local que curiosamente era muito parecido com o candidato à presidente dos EUA Donald Trump. Após sabotar várias de suas operações, Lincoln consegue chegar até ele em um bordel e dá início a um enorme tiroteio no local. Entre prostitutas tentando se salvar, capangas surgindo de todos os lados e outros visitantes fugindo desesperados, o personagem persegue o mafioso até um pântano, onde utiliza suas habilidades militares adquiridas no Vietnã para eliminá-lo sorrateiramente.

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Essa única cena serve para mostrar várias coisas que Mafia 3 tem de bom e ruim. De um lado, a variedade do ambiente urbano. Por New Bordeaux não ser um grande centro urbano desenvolvido, a equipe da Hangar 13 e da 2K conseguiu construir uma variedade maior de ambientes. Há o centro da cidade, mas há toda uma região pantanosa, outra mais rural e até uma área dedicada a cultos africanos, como o vodu. Isso tudo torna o game muito mais rico e plural, convidando o jogador a explorar todos esses pontos.

Outro ponto são as mecânicas que o título oferece. De um lado, temos algo muito próximo de outros jogos de mundo aberto que a gente já conhece, como GTA. As comparações são inevitáveis, seja pelo estilo dos tiroteios ou mesmo pelas perseguições em carros. O DNA da Rockstar está presente a todo momento.

Ao mesmo tempo, Mafia 3 também foca em elementos únicos. Há um foco muito maior dado à ação furtiva. O stealth é bastante valorizado e a demo mostra isso muito bem. É fácil ver como o cenário é construído para valorizar esse tipo de movimentação mais silenciosa, oferecendo vários caminhos em que Clay consegue avançar sem ser visto pelos seus inimigos. Porém, quem quiser ser um pouco mais bruto, o tiroteio é livre.

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O único ponto em relação a tudo isso é que, pelo que foi mostrado aqui na E3, a inteligência artificial dos inimigos ainda está bem limitada. O protagonista consegue avançar quase sem ser detectado não apenas porque o level design ajuda o stealth, mas porque os criminosos parecem ter muitos graus de miopia que os impedem de enxergar o personagem mesmo quando ele aparece em pé ao seu lado. É algo que deve ser melhorado até o lançamento, mas que não pode passar despercebido.

Criando laços

Por fim, a 2K apresentou um sistema bastante interessante. Como estamos falando de máfia e submundo do crime, é óbvio que o jogador vai precisar se relacionar com pessoas tão moralmente questionáveis quanto os próprios inimigos com quem lida a cada missão. E, em alguns momentos, será preciso lidar com conflitos de interesses.

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À medida que ocupa áreas antes dominadas pela máfia, Lincoln pode entregá-las a um desses aliados. Cassandra, Burke e Vito Scaletta são apenas alguns, mas o suficiente para mostrar como tudo isso é delicado, principalmente porque cada um deles tem sua própria agenda e vai tentar lutar por aquilo. Eles vão fazer ofertas e ameaças para o jogador na tentativa de conquistar aquele local e você precisa pesar muito bem cada uma dessas decisões para poder lidar com as consequências.

Em determinado momento, por exemplo, Cassandra e Vito disputam a conquista do território que pertencia ao irmão do político da missão anterior. Eles prometem entregar partes dos ganhos a Lincoln e relembram juramentos feitos no passado. No fim, o protagonista opta por ceder o espaço às forças de Scaletta, para a fúria da mulher. Tanto que ela sai jurando o protagonista de morte — e é exatamente o que vemos a seguir.

Essa é apenas uma pequena amostra do quanto suas escolhas podem resultar em eventos maiores no futuro. No caso, um enorme tiroteio se dá logo após o término das negociações e o jogador precisa fugir antes que as coisas compliquem mais. E, enquanto corre em direção a uma área segura, a demonstração acaba.

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No fim das contas, fica aquela sensação de que Mafia 3 não consegue se desvencilhar da sombra de GTA, mas é capaz de apresentar características únicas e revelar sua própria personalidade. Parecido, sim, mas jamais igual. E, levando em conta que a franquia da Rockstar sempre apelou para um clima mais bem-humorado dessa vida criminosa, a 2K segue por um caminho totalmente oposto para mostrar que esse mundo não é nada bonito.