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Monopólio do Google prejudica concorrência no Brasil, diz CEO do Buscapé

Por| 18 de Fevereiro de 2014 às 07h30

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Em entrevista ao jornal O Globo, o novo presidente do Buscapé Company na América Latina, Rodrigo Borer, criticou a forma como o Google utiliza os anúncios de outras empresas dentro dos serviços de pesquisa da companhia. Para Borer, a gigante das buscas compromete a competição entre sites de e-commerce porque destaca apenas as páginas incluídas ou que direcionem para o Google Shopping, plataforma de compras online com sistema semelhante a sites como Mercado Livre e o próprio Buscapé.

"Nós não temos problema em ter o Google como competidor, só que ele está beneficiando um produto dele e causando uma distorção na livre concorrência", declarou o executivo. Ele destacou que o Google detém o monopólio das buscas na internet no Brasil - 95% dos brasileiros utilizam a ferramenta -, e que justamente por esse motivo não deveria promover seus produtos em cima dos outros.

Borer ainda explica que, quando o Google anunciou o lançamento do Shopping por aqui, o Buscapé (e outras empresas do setor) começaram a monitorar os resultados de busca no Google para diferentes produtos. Feito isso, eles constataram que os itens vendidos pelo Shopping sempre apareciam na frente dos serviços de outras corporações. Isso motivou o Buscapé a procurar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2011, que abriu investigação contra o Google só em outubro do ano passado.

"Nesse meio tempo, o Google passou a ser investigado pelo Federal Trade Comission (FTC), nos Estados Unidos, exatamente pela mesma coisa [priorizar os próprios produtos nas buscas feitas pelos usuários], e na Europa também. Só que nos EUA eles não têm 95% das buscas; lá, o Bing (da Microsoft) é relevante, com cerca de 20% a 25%. O que foi negociado agora na Europa vai valer somente lá, e o Cade vai ter que forçar medidas que, se não corrigirem 100%, ao menos minimizam o impacto dessa discriminação. É o que pedimos", disse.

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Borer, CEO do Buscapé, na sede da empresa na Avenida Paulista, São Paulo (Foto: Michel Filho/O Globo)

Vale lembrar que Borer não é o único preocupado com o monopólio do Google no Brasil. Em entrevista recente, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, comentou sobre como a empresa norte-americana ameaça não apenas as companhias ligadas à internet, mas também o império das redes de televisão e de teles no país - podendo até mesmo, eventualmente, engolir as duas no futuro.

Ao ser questionado se o Brasil tem planos de diminuir a participação de grandes organizações, entre elas o Google, Bernardo disse que o assunto precisa ser colocado em pauta. "Se você tem, por exemplo, uma empresa que, num setor, tem 70% de participação, é evidente que talvez seja o caso de discutir. É para discutir, eu sou a favor de discutir", explicou.

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"Não estou falando de regular conteúdo. Sou absolutamente contra. Agora, nós podemos ter dois tipos de veículo vendendo publicidade? Um pagando imposto e outro pagando nada? Isso eu acho que tem de ser visto. Essa discussão eu coloco assim até como um elemento para contribuir com um eventual debate", complementou o ministro.

E-commerce no Brasil

O presidente do Buscapé na América Latina também comentou sobre a reorganização da empresa no Brasil e no continente. Para o executivo, o mercado brasileiro é um dos que mais cresce em todo o mundo, mas que ainda precisa ser mais estruturado e menos "desengonçado". Além disso, Borer acredita que é por causa dessa falta de maturidade que o comércio eletrônico nacional ainda não decolou e, por isso, não gera altos lucros para o varejo.

"Não somos um mercado em que todos os players já estão definidos, a dinâmica do mercado está estabelecida, e todo mundo sabe como ele opera, como são os mercados americano e europeu. Lá o e-commerce responde por 8% a 15% de todo o varejo. Aqui, as operações demandam altas taxas de investimentos e muitas são deficitárias", disse.

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Borer também citou dois eventos decisivos para o e-commerce no Brasil em 2014. O primeiro é a Black Friday, data em que grandes varejistas realizam descontos em vários produtos, como livros, CDs, jogos, TVs, tablets, smartphones e outros aparelhos eletrônicos. Apesar das últimas edições do evento terem se popularizado por aqui, o empresário afirma que o varejo ainda precisa se preparar melhor para receber a alta demanda de pedidos e evitar fraudes.

"O consumidor superou e o varejo aprendeu a operar essa data específica, de promoções com grande concentração de vendas num espaço muito curto. E, proporcionalmente ao volume de transações, as reclamações foram muito menores. Outra diferença em 2013 foi a adesão do varejo físico, com cartazes em porta de loja, anúncios em jornais e TV, o que motivou o consumidor", disse.

O segundo evento que Borer comentou é a Copa do Mundo de Futebol, que acontecerá entre junho e julho deste ano. A projeção do presidente do Buscapé é que o faturamento cresça 20% menos que os 28% de 2013, quando o faturamento chegou a R$ 28,8 bilhões. O motivo é que o mundial esportivo será realizado entre acontecimentos e datas comemorativas muito próximas - no caso, o Carnaval, em março, as eleições, em outubro, e as festas de fim de ano (Natal e Ano Novo), em dezembro.