Publicidade

Quatro tecnologias da Fórmula 1 que estão mudando seu cotidiano

Por| 16 de Julho de 2015 às 13h54

Link copiado!

Quatro tecnologias da Fórmula 1 que estão mudando seu cotidiano
Quatro tecnologias da Fórmula 1 que estão mudando seu cotidiano

Quem vê a Fórmula 1, mas não acompanha o esporte com afinco, pode pensar que ele se trata apenas de um monte de carros barulhentos correndo em círculo. Nos tempos de Ayrton Senna, o esporte tinha uma grande importância para os brasileiros, mas a dominação de alguns atletas, sempre nos primeiros lugares, e a ausência de bons resultados pelos pilotos nacionais acabaram fazendo com que a modalidade perdesse postos na preferência das pessoas, principalmente quando se leva em conta que, para assistir às corridas, muitas vezes é preciso acordar cedo no domingo.

O que muitas vezes passa despercebido é que, como um esporte de ponta, a Fórmula 1 carrega consigo não apenas a velocidade, as pistas e as marcas, mas também um desenvolvimento intenso de tecnologias. Inicialmente, elas são criadas para fazer com que os monopostos ganhem alguns segundos nos circuitos, mas depois, acabam chegando às nossas mãos. E se engana quem pensa que essa mudança se aplica única e exclusivamente aos carros que dirigimos por aí.

Aqui, selecionamos apenas algumas inovações que estão presentes em nosso cotidiano. São ideias que surgiram nas pistas, mas que agora facilitam a nossa vida.

Continua após a publicidade

Big Data

Uma das grandes tendências do mercado atual da tecnologia é a análise de dados em grande quantidade por meio de algoritmos e softwares especializados. Como a experiência dos consumidores está cada vez mais diversa, se expandindo por redes sociais, celulares, televisores inteligentes e até mesmo relógios conectados à internet, também cresce o escopo alcançado pelos produtos. Dar conta de tudo isso está cada vez mais complicado.

Como mensurar a recepção dos clientes a novos lançamentos ou atualizações de algo já existente? De que forma lidar com o grande volume de dados para entender exatamente o que está acontecendo no mercado e tomar decisões mais acertadas? A resposta para tudo isso é Big Data, e a Fórmula 1 já vem lidando com um altíssimo fluxo de dados há décadas.

Quem assistiu ao filme “Rush – No Limite da Emoção”, por exemplo, pôde ter uma noção de como tudo funcionava em um momento em que pilotos também tinham um quê de engenheiros. Com blocos de anotações, cronômetros e muito feeling, os ajustes nos carros eram feitos de forma precisa e na base da experimentação, de forma a ganhar preciosos segundos.

Continua após a publicidade

Hoje, isso foi substituído por gigantescos painéis nos boxes, algumas dezenas de analistas e milhares de números e dados diferentes. A telemetria é parte fundamental do desenvolvimento de qualquer carro, e o fluxo de dados constante e volumoso precisa ser analisado em tempo real. Não se parece bastante com a definição de Big Data?

Tanto parece que equipes de Fórmula 1 como a McLaren, por exemplo, já trabalham ao lado de companhias de TI, por meio de seu Centro de Tecnologias Aplicadas, para fazer uma troca de soluções que possam beneficiar a ambas as partes.

Saúde

Continua após a publicidade

Aqui, na verdade, temos um quesito ligado diretamente ao anterior. Ao aplicar suas tecnologias de telemetria e análise de dados ao mundo real, a McLaren também decidiu se unir a instituições médicas para melhorar o diagnóstico e criar sistemas que auxiliem os médicos.

Em um projeto piloto aplicado no Hospital de Birmingham, no Reino Unido, o departamento pediátrico passou a contar com sensores que utilizavam sistemas de telemetria semelhantes aos de carros para facilitar o diagnóstico de recém-nascidos e crianças de pouca idade. Elas não sabem, ainda, apontar o que lhes afeta, e o uso da tecnologia facilitou a vida na hora de encontrar enfermidades e permitiu que o tratamento fosse mais certeiro.

E se a ideia da telemetria é monitorar todos os aspectos de um carro, por que não fazer isso com pessoas? Foi exatamente essa a ideia de um segundo sistema voltado para a saúde, desta vez, dos atletas olímpicos do Reino Unido. Os sensores foram usados para medir a resposta corporal aos exercícios e identificar áreas em que precisam haver melhoras.

Continua após a publicidade

Os atletas da canoagem, por exemplo, tiveram os equipamentos anexados aos remos de forma a mensurar a força empregada por eles e a velocidade de movimento. Mais tarde, uma análise de tudo isso foi feita para que os competidores pudessem entender suas táticas, melhorá-las ou saber exatamente quando estavam exigindo demais de seus próprios corpos, com foco na melhoria de performance.

É uma ideia que, de forma básica, também está sendo aplicada hoje nos smartwatches e pulseiras inteligentes, focados na prática de exercícios. A Apple, por exemplo, tem o HealthKit, seu sistema de interface entre o iOS e plataformas desse tipo para compartilhar informações em tempo real. A Maçã pode não ter tido contato com equipes de Fórmula 1, mas com certeza se inspirou em sistemas médicos como o da McLaren na hora de criar sua própria solução.

Refrigeração

Melhorar a vida das pessoas passa por muito mais do que apenas promover a saúde e os cuidados com o corpo. Há toda uma questão envolvendo a atenção ao meio-ambiente e a criação de produtos mais eficientes para tarefas comuns. Acredite, o refrigerador no qual você acabou de buscar uma água gelada tem muito de Fórmula 1 dentro dele, e não estamos falando das latinhas de Red Bull que estão na prateleira de cima.

Continua após a publicidade

Um dos principais trabalhos atuais do time de tecnologia aplicada da equipe Williams está focado em refrigeração. Mais especificamente, a escuderia deseja utilizar suas inovações aerodinâmicas para manter um controle melhor sobre o fluxo de ar dentro dos aparelhos, de forma a jogar o frio para dentro dele e não para fora.

No desenvolvimento dos carros, as equipes utilizam o “túnel de vento” que é, basicamente, o que o nome indica – um local em que o ar é soprado sobre os veículos de forma a mensurar o comportamento deles diante da resistência. Assim, asas dianteiras e traseiras são desenvolvidas, com os engenheiros trabalhando na forma da máquina de forma que ela se torne mais rápida.

A ideia, então, é aplicar aerofólios semelhantes aos dos veículos em geladeiras de supermercados. Como elas ficam abertas para exposição dos produtos, é essencial que o fluxo de ar seja controlado, de forma a não estressar os motores nem fazer com que eles permaneçam ligados o tempo todo.

Continua após a publicidade

A expectativa é obter uma redução de 41,5% no consumo de energia elétrica. Nos primeiros testes, a Williams chegou a ter uma eficiência 18% maior com seu sistema de aerofólios, e a ideia é que, junto com uma consultoria quanto ao posicionamento adequado dos freezers, seja possível até mesmo ultrapassar esse patamar e reduzir a utilização de eletricidade.

Fibra de carbono e alumínio

De nada adianta o carro ter o melhor motor, a aerodinâmica mais certeira e o piloto mais habilidoso se ele for pesado demais. Uma das partes mais importantes do desenvolvimento de qualquer carro de Fórmula 1 está na busca por materiais mais leves, que não deixem a segurança de lado e, na mesma medida, não interfiram na velocidade. E se tem um que reúne tais características, é a fibra de carbono.

Continua após a publicidade

Leve o bastante para ser rápido e forte o suficiente para aguentar grande stress, o material é comum nas pistas ao redor do mundo e, agora, começa a dar as caras também em outros produtos para o consumidor. Bicicletas de competição ou facas militares, por exemplo, já contam com diversos modelos feitos totalmente de fibra de carbono, todos focados na leveza e resistência. Nos carros de passeio, entretanto, o elemento aparece apenas como detalhes ou em rodas, tetos ou capôs.

Apesar de ainda aparecerem como elementos decorativos, no futuro, a ideia é que o material seja mais e mais usado. Peças e até mesmo a lataria externa podem passar a receber novos elementos em fibra de carbono, com o intuito de deixar os veículos não mais rápidos, mas econômicos.

O mesmo vale para o alumínio, que mesmo não tendo a rigidez necessária para proporcionar a segurança necessária na Fórmula 1, apresenta a leveza desejada pelos engenheiros. E se existe uma indústria fora do automobilismo que abraçou o elemento foi a dos smartphones. Basta olhar para os modelos mais recentes para perceber isso.

Continua após a publicidade

Há alguns anos, por exemplo, a Apple já traz iPhones com a parte traseira feita completamente de alumínio. Outras fabricantes, como a Samsung, a Microsoft e a HTC, também seguem essa dinâmica, de forma a dar um resultado leve e, acima de tudo, arrojado para seus produtos. É claro, problemas como entortamentos podem acontecer aqui e ali, mas a ideia geral é que os consumidores estão felizes com as novidades, e se eles estão satisfeitos, também estarão as fabricantes.

Fontes: Williams Advanced Engineering, BBC, How Stuff Works, TechRadar