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3420 Boelter Hall: conheça a sala onde nasceu a internet

Por| 09 de Março de 2014 às 15h35

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Divulgação
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Levando em consideração a rapidez com que a tecnologia está evoluindo, não falta muito para imaginar um mundo no qual a internet será como a luz elétrica: algo que estará em todos os lugares o tempo inteiro. Mas qual foi o caminho percorrido por cientistas, técnicos e especialistas até que essa grande rede de computadores pudesse chegar hoje aí na sua casa? A pergunta pode parecer complicada, ainda mais por conta da onipresença da internet nos dias atuais. Contudo, as fotos a seguir mostram aquele que pode ser considerado um dos pontos históricos que fazem parte da evolução da web.

Esta é a 3420 Boelter Hall, uma pequena sala localizada em um dos porões da Universidade da Califórnia de Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos. Foi nesse quarto que aconteceu a primeira transmissão de dados do mundo feita via cabos de telefones e permitiu o envio das primeiras mensagens através da rede para um ponto bastante afastado da UCLA, a Universidade de Stanford. Resumindo: esse é o lugar onde tudo começou e a internet "ganhou vida". As informações são do Gizmodo.

Mas afinal, como é que tudo começou? A ideia veio na década de 1960 a partir de uma teoria matemática desenvolvida por Leonard Kleinrock, cientista de computação do Centro Kleinrock para Estudos sobre Internet. Ele propôs que os dados fossem divididos em "pacotes" que poderiam ser trocados utilizando uma rede que permitiria o acesso de várias pessoas em diferentes plataformas - algo não muito diferente da estrutura na qual a internet é baseada hoje.

O projeto chamou atenção de uma divisão do Departamento de Defesa dos EUA chamada ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, que mais tarde virou o DARPA), que pensou em usar a tal rede para divulgar trabalhos, pesquisas e software para o público de uma forma muito mais rápida e eficiente. Foi aí que a ARPA enviou uma equipe de engenheiros de computação para construir uma máquina conhecida como IMP (Processador de Mensagens de Interface, na tradução livre). Nascia aí o primeiro roteador.

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Kleinrock e a UCLA ficaram responsáveis por testar o sistema e realizar experimentos. O primeiro teste bem sucedido aconteceu em 29 de outubro de 1969, ou, melhor dizendo, quase bem sucedido: na data em questão, uma equipe reunida na sala 3420 Boelter Hall tentou enviar ao Instituto de Pesquisa de Stanfod a palavra "LOGIN", mas o sistema caiu depois que os cientistas digitaram apenas a sílaba "LO" (e que foram enviadas mesmo assim). Uma hora depois, eles repetiram o procedimento e aí sim conseguiram enviar a palavra "LOGIN" completa.

O sucesso da operação estimulou naquele mesmo ano a instalação permanente de outros quatro nós na UCLA, no Instituto de Pesquisa de Stanford, na Universidade de Utah e na Universidade da Califórnia em Santa Barbara. Em 1975, o número foi ampliado para 57 máquinas IMPs, e em 1981 saltou para 213. Depois disso, as coisas foram evoluindo conforme as cidades começaram a crescer, até chegar ao que conhecemos atualmente.

"Em quantas revoluções você pode pensar ao olhar para este recinto? Onde tudo começou? Esta [a IMP] é a máquina que deu o primeiro sopro de vida à internet, que a fez dizer suas primeiras palavras", comenta o cientista Leonard Kleinrock.

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O mais curioso da história é que por muito pouco as IMPs foram destruídas ou substituídas por outras tecnologias criadas para operar naquela época - hoje restam apenas duas IMPs. Além disso, a primeira transmissão de dados quase não foi comentada após ser descoberta, se limitando apenas a uma nota bem simples no jornal da faculdade. Até os próprios engenheiros e pesquisadores que trabalharam no projeto não entenderam o significado do que haviam feito.

"Não tínhamos sequer uma foto. Nosso trabalho inicial era fazer computadores conversarem com pessoas, ou com outros computadores. Nós não prevíamos que pessoas usariam isso para falar com outras pessoas", diz Kleinrock. A rede só ganhou popularidade em 1972 com a invenção do e-mail, sendo que um ano depois o serviço de mensagens eletrônicas já correspondia a 75% de todo o tráfego da ARPANET.

Agora, mais de quatro décadas depois da primeira conexão, Bradley Fidler, um dos diretores da UCLA, acredita que os experimentos de anos atrás realizados na sala 3420 Boelter Hall comprovam que a internet é feita por humanos e para humanos. "Há uma tendência crescente em falar sobre a internet como 'a nuvem', o que é totalmente errado, já que a internet não é algo no céu que simplesmente faz o que quer", disse.

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"Quando você está em uma sala como o antigo nó da ARPANET na UCLA, você se lembra que as pessoas deram forma à internet, e ainda fazem isso, e todos nós podemos fazer parte dessas decisões", conclui Fidler.