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Bitcoin: o ouro digital

Por| 15 de Junho de 2022 às 10h00

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Envato/Rimidolove
Envato/Rimidolove

Para entender não só como funcionam as criptomoedas, mas também o porquê de elas estarem atraindo cada vez mais investidores e a atenção dos governos em todo o mundo, é preciso, primeiro, conhecer a história do dinheiro e a importância da moeda para a evolução da sociedade.

A economia mundial, até há alguns milhares de anos, girava em torno da troca, do escambo. O homem primitivo que precisasse de algo que não pudesse produzir ou capturar com suas próprias mãos, tinha como única opção procurar outra pessoa que possuísse aquele item desejado para realizar uma troca.

Contudo, com a evolução da civilização, esse processo começou a se tornar extremamente complexo e inviável por diversos motivos, como logística e armazenamento, por exemplo, tornando, inclusive, o acúmulo de capital e o enriquecimento impossíveis.

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Datadas do século VII a.C., surgiram na Lídia, atual Turquia, as primeiras moedas baseadas em ligas metálicas e semelhantes às que conhecemos hoje, como uma evolução natural do sistema de troca.

Até hoje, o ouro, por exemplo, é utilizado como uma das maneiras mais seguras e rentáveis de investimento e acúmulo de capital. Isso porque ele é muito resistente, relativamente raro e, o mais importante, impossível de produzir. Como ele é um recurso natural finito, a única forma de conseguir mais ouro é minerando. Contudo, mesmo com muita mineração é possível aumentar a base total de ouro no mundo somente em 1% ou 2%.

Assim como as moedas em metal e papel surgiram como um processo de revolução natural do escambo, as criptomoedas, ou dinheiro digital, são o próximo passo evolutivo monetário e, hoje, a sua principal representante é também a primeira delas, o Bitcoin.

O Bitcoin se tornou tão importante que, atualmente, já é a moeda oficial em dois países, El Salvador e, mais recentemente, a República Centro-Africana. Além disso, espera-se que mais países comecem a adotar o sistema como parte complementar na economia.

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O funcionamento do Bitcoin

É difícil explicar como o Bitcoin funciona em poucas linhas, pois é um sistema extremamente complexo. Mas, resumidamente, trata-se de um tipo de sistema de computador baseado em tecnologia blockchain, ou seja, ele não está em apenas um local, mas sim espalhado por milhões de computadores em todo o mundo, de maneira criptografada. Eles, juntos, possuem o registro de todos os Bitcoins existentes no mundo, como se fosse uma planilha de Excel gigante, dizendo que a conta tal tem dois bitcoins e a outra tem 3.000 bitcoins, por exemplo.

No momento em que uma pessoa transfere um Bitcoin de uma conta para outra, acontece um registro em milhões de computadores e, simultaneamente, uma espécie de “votação” acontece entre os computadores da rede para analisarem se eles aceitam essa transação ou não. Por isso, é considerado impossível hackear o Bitcoin, pois seria necessária uma capacidade de processamento maior do que a de toda a rede existente junta.

Semelhante ao ouro, o Bitcoin também não pode ser produzido. Ele possui uma quantidade fixa — algo programado para chegar ao montante máximo de 21 milhões de Bitcoins, mas não atingirá essa quantidade exata — e só pode ser criado “minerando”. Isso significa, basicamente, ter que colocar o seu computador para resolver problemas matemáticos muito complexos e específicos. Então, uma pessoa que deseje minerar Bitcoins atua praticamente como um minerador real de ouro, que coloca suas máquinas para trabalhar em uma mina, com dispêndio de muita energia e algum custo.

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Depois de resolvidos os problemas matemáticos, o computador comunica toda a rede sobre o feito. Em seguida, ela realiza uma votação se aquela resposta está correta ou não. Quando a resposta é positiva, o sistema libera um novo Bitcoin para a conta de quem minerou, ou seja, a criptomoeda funciona como um “ouro digital”, que você não consegue criar facilmente ou inflacionar.

Vale ressaltar que, assim como qualquer outro sistema monetário, o Bitcoin tem seu valor definido por convenção, ou seja, porque a sociedade, ou um número específico de pessoas, decidiu que ele tem valor. A moeda só vale porque outras pessoas acreditam que aquele dinheiro pode ser trocado por outra coisa. E isso é ser dinheiro!

No Bitcoin, temos todas as características necessárias para a existência de um dinheiro, que são: confiança e uma base grande de usuários, ser altamente portátil e divisível e, o mais importante, não poder ser inflado por nenhum governo do mundo. Essa última característica deixa os políticos apreensivos, pois o Bitcoin está fora do controle deles, até o momento.

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Isso porque todos os anos o equivalente a bilhões de reais é transformado em Bitcoins e este dinheiro está fora do alcance dos líderes políticos. Isso pode trazer consequências econômicas dramáticas na medida em que este tipo de moeda for sendo mais e mais adotada no mundo. Como toda mudança, ela vai trazer pontos bons e ruins.

Segundo o ranking de países que estão mais avançados na adoção do Bitcoin e do criptomercado, da Chainalysis, empresa global de análise de dados em blockchain, potências como Índia e Estados Unidos, assim como nossos vizinhos Venezuela e Argentina, estão em destaque. Segundo o levantamento, o Brasil está na 11ª posição entre os maiores mercados de criptomoedas do mundo e é o primeiro na América do Sul. A Chainalysis revelou também que o País tem o uso mais sofisticado dos ativos digitais na região, sendo responsável pela maior parte das transações, movimentando mais de R$ 707 bilhões em criptomoedas no último ano.

Regulamentação da criptomoeda

Essa relevância do Bitcoin para a economia nacional explica a movimentação do Governo Federal na criação da regulação do setor com a aprovação, por exemplo, do Projeto de Lei (PL) 3.825/2019, pelo Senado. Isso porque as criptomoedas abrem muitas oportunidades o cidadão e ao investidor, como poder viver com menor carga tributária. Porém, do ponto de vista do financiamento dos governos, do controle da soberania dos países, o Bitcoin traz desafios enormes.

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O PL, que agora segue ao plenário da Câmara dos Deputados, onde precisa ser aprovado por maioria simples antes de seguir para sanção presidencial, regulamenta o mercado interno de criptomoedas e estabelece regras para a operação de ativos digitais no País. O texto visa, ainda, combater os crimes com criptoativos e cria mecanismos de proteção aos investidores.

A regulação do setor e o interesse dos governos em criarem mecanismos que tornem a utilização das criptomoedas ainda mais simples e confiáveis por todos são bem-vindos e são um passo importante para a democratização do Bitcoin que, infelizmente, ainda é uma realidade para uma parcela muito pequena da sociedade. A aprovação de Projetos de Lei nesse sentido é um marco para o País e pode reforçar a posição de liderança do Brasil na América Latina e ampliar sua relevância no mercado mundial.