Vício em celular cria um novo modo de solidão, acredita terapeuta
Por Wagner Wakka | 21 de Março de 2018 às 16h14
A terapeuta sexual Esther Perel participou do podcast Recode Decode durante a South by Southwest nesta semana, e levantou uma questão sobre os relacionamentos mediados por apps. Para a convidada, alguns programas como Tinder e Instagram estão deformando os relacionamentos atuais.
Ela argumenta que nossa necessidade de estar sempre com o telefone na mão criou uma nova definição de solidão. “Um dos meus pacientes recentemente disse 'toda noite, eu vou para cama e ela está no Instagram, na cama'. E isso é tipo: ‘Eu estou solitário! Só quero conversar, falar, conectar. Ela se perde o tempo todo’”, conta a terapeuta.
Perel é autora do livro The State od Affairs ("O estado dos romances", em tradução livre) e também comanda o podcast Where should we begin? ("Por onde devemos começar?", em tradução livre).
Em termos técnicos, o que a pessoa do exemplo está vivendo é muito semelhante ao que se chama de perda ambígua, em que a pessoa amada está ali, presente de forma física, mas totalmente ausente em quaisquer outras interações. “Isso não tem a ver com ser socialmente isolado. Tem a ver com a perda de confiança quando a pessoa que está próxima a você não deveria lhe fazer se sentir solitário”, explica.
Ela ainda fala sobre os atuais aplicativos de paquera, como Tinder e Happn. Para Perel, este programas dão mais opções para as pessoas do que o número com que conseguem lidar. Isso cria nas pessoas a sensação de FOMO, sigla para o termo "Fear of Missing Out". Ou seja, o medo de ficar por fora. “Você está constantemente checando se não há nada melhor por aí. Basicamente, o ritual de compromisso começa com você deletando os aplicativos pensando 'achei a pessoa certa, posso parar de procurar, posso deletar o aplicativo’”. Brinca.
Fonte: Recode