Ex-funcionários 'lavam a alma' falando de seus ex-empregadores nas redes sociais
Por Joyce Macedo | 21 de Outubro de 2012 às 14h35
Hoje a tecnologia está ao alcance de todos e, convenhamos: muita gente acaba falando um pouco - ou muito - mais do que deve, principalmente com a mega popularização das redes sociais.
Existem muitos casos de pessoas que utilizam o recurso para desabafar e colocar para fora pensamentos que antes não poderiam ser compartilhados e recebidos por tantas pessoas, inclusive sobre seus ex-chefes. Seja porque não achou o motivo da sua demissão justo, ou porque sofria com assédios morais, ou apenas porque ficou de saco cheio e resolveu jogar tudo para o alto.
Confira abaixo alguns casos, relembrados pelo New York Times, que se tornaram públicos graças ao poder da internet, onde ex-funcionários 'lavam a alma' ao falar de seus antigos empregadores.
Joey Quits - Festa durante o pedido de demissão
No final do ano passado, Joey DeFrancesco era funcionário de um hotel na cidade de Providence, nos Estados Unidos, e depois de quase quatro anos trabalhando no local, resolveu pedir demissão de uma maneira inusitada. Joey diz que sofria abusos por parte do seu chefe, que, em suas palavras, o odiava.
Ele planejou uma saída triunfal para o dia em que foi entregar sua carta de demissão ao chefe. Com uma câmera e acompanhado de uma banda - com direito a pratos, trompete e tudo mais -, ele foi se desligar da empresa. O vídeo se tornou um viral, e já possui mais de três milhões de acessos.
Adeus, CNN
Aaron Brown, demitido da CNN em 2005 depois de quatro anos à frente do programa "News night", foi proibido por contrato de comentar sobre o fato durante alguns anos. Quando esse tempo passou, ele não havia esquecido o assunto, pelo contrário, falou a alguns sites e outros meios de comunicação tudo o que pensava sobre o ex-empregador.
Ele revelou ao "The Huffington Post" e ao "MediaBistro" todo seu rancor. "Eu não achava que os espectadores estivessem ao meu lado quando fazíamos televisão burra", disse. Ele ainda zombou da maneira como a rede de TV americana trabalhava: "Sei a diferença entre o jornalismo e um slogan. 'Mantenha-os honestos' é um slogan", afirmou, numa alusão ao bordão do programa "Anderson Cooper 360", da rede CNN.
Vale do Silício
O próprio mundo da tecnologia também não fica de fora de acontecimentos como esse. Um dos casos aconteceu no gigante das buscas quando James Whitaker, ex-diretor de engenharia do Google, escreveu em seu blog a respeito dos últimos meses que passou no cargo. Segundo o executivo, o período foi como "um turbilhão de desespero e tentativas vãs de recuperar minha paixão". Depois do post ele ainda escreveu em um e-mail: "Não acho que tinha entendido plenamente por que saí até que escrevesse aquilo."
A Microsoft também sofreu com a doce vingança de um ex-funcionário. Max Zachariades trabalhava na gigante do software desde 2007, mas em abril deste ano, após sua demissão, escreveu um post para o site de tecnologia TechCrunch, intitulado "Frustração, Decepção e Apatia: Meus Anos na Microsoft".
Ele começa o texto descrevendo o quanto era apaixonado pela empresa na época de faculdade e o quanto sonhava em trabalhar com Bill Gates e sua equipe. Mas no decorrer da história ele fala sobre a decepção que teve com o estilo de gestão da empresa.
Ele usou frases como "Esta empresa está se tornando o McDonalds da computação" e, sobre a demissão, "Eu deveria ter deixado [a Microsoft] por minha própria vontade, muito mais cedo."
"Com muita frequência, nos ambientes corporativos não há liberdade de expressão. Disseram-me que, se eu os levasse à Justiça, eu não iria ganhar, que eles eram grandes demais. Então, em vez disso, coloquei tudo on-line. As redes sociais permitem a aceleração do karma", completa Max Zachariades.
Mercado financeiro: demissões, dinheiro e mídias sociais
Os executivos do mundo financeiro são bem audaciosos no quesito demissão. Eles costumam deixar as instituições com maletas recheadas de polpudas indenizações, mas assim que colocam o pé para fora 'começam' a notar os problemas do setor.
Sallie Krawcheck já foi considerada a mulher mais poderosa de Wall Street, quando trabalhava no Bank of America. Bastou ser demitida para ela soltar o verbo no Twitter. "Mais sobre o tema da complexidade dos grandes bancos: não seriam 'grandes demais para falir', e sim 'complexos demais para existir'?", escreveu.
As despedidas públicas criaram uma nova forma de retaliação. O diretor executivo Greg Smith registrou sua saída do Goldman Sachs - um dos maiores bancos de investimento do mundo - com um artigo no "New York Times". No texto ele descreveu sua demissão como a "falência moral" da companhia.
"Para começar, as redes sociais são inerentemente egocêntricas - é tudo 'eu' ou 'onde estou indo. Mas nem todos precisam ser Jerry Maguire [filme] ao baterem a porta", disse Joshua Brown, consultor financeiro, a respeito de Wall Street em seu blog 'The Reformed Broker'
Vale lembrar que esse tipo de atitude pode acabar na justiça, por isso os trabalhadores devem ficar atentos ao comportamento adotado após deixar uma empresa. Difamar ex-colegas de trabalho, ex-patrões ou contar segredos industriais, por exemplo, podem gerar ações na Justiça por dano moral pós-contratual.