Pós Startup20: como as startups podem se preparar para o futuro?
Por Mariane Takahashi |
A agenda de encontros do Startup20, encontro das pequenas e médias empresas e startups do G20, se encerrou. Agora, a Abstartups (Associação Brasileira de Startups) como convener do evento, se prepara para a entrega do documento oficial para as delegações, o Communiqué. É a partir dele que as ideias serão propostas aos líderes globais.
O Startup20 proporcionou um melhor entendimento das capacidades dos empreendedores brasileiros, suas dificuldades, alegrias e questões regionais. As reuniões aconteceram nas cidades de Macapá, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo, com uma sessão de diálogos em Porto Velho.
Já podemos afirmar que o Startup20 no Brasil marcou um ponto de inflexão no futuro das startups brasileiras.
As discussões do grupo giraram em torno dos temas de ESG, políticas públicas, investimentos e internacionalização, e não é à toa que esses são os tópicos que influenciarão o futuro das startups brasileiras nos próximos anos.
Com as reuniões do Startup20, tivemos a oportunidade de focar na internacionalização e crescimento do nosso ecossistema, especialmente com a criação de uma narrativa que coloque o Brasil como um dos protagonistas nos temas relacionados ao clima, à transição energética e bioeconomia
Questões de governança e sustentabilidade vão demandar muita atenção das startups nos próximos anos, mesmo entre aquelas cujo produto final não tem ligação direta com soluções de ESG. Em um cenário no qual sustentabilidade não é mais opcional, startups que alinham seus modelos de negócios aos princípios ESG tendem a conquistar uma fatia maior de mercado. Os fundos de investimento estão cada vez mais exigentes com os critérios de sustentabilidade, e empresas que integram políticas de diversidade e inclusão, além de adotar práticas sustentáveis, têm mais chances de atrair atenção internacional.
A internacionalização também foi um dos focos de discussão do Startup20, e esse é um momento promissor para as startups que buscam expandir seus negócios ou fazer parcerias com outras empresas para fora do território nacional. O país está mais inserido nas discussões globais até por assumir a presidência temporária do G20 este ano; as reuniões possibilitaram a abertura de diálogos sobre parcerias estratégicas, inovação em escala global e cooperação tecnológica entre os países.
Essas mudanças exigem que as startups estejam cada vez mais preparadas para lidar com diferentes legislações e normativas, além de desenvolver produtos e serviços que tenham apelo global.
Outra expectativa é que os órgãos públicos olhem com mais atenção para o empreendedorismo em inovação. Isso deve trazer maiores incentivos para as startups, mas também mudanças regulatórias, o que exigirá muita atenção e monitoramento por parte dos empreendedores para que não deixem escapar oportunidades ou ficarem desatualizados no campo legal.
Esses pontos mostram que o que será exigido das startups a partir de agora é uma maior maturidade. Não me refiro aqui à fase de desenvolvimento em que uma startup se encontra, mas sim à sua capacidade de se antecipar às tendências, se organizar adequadamente dentro da sua realidade, além de melhorar a sua gestão, a fim de mostrar seus diferenciais e entregar resultados sólidos para o mercado. Dessa forma, atrairão o olhar dos investidores que estarão voltados para esses fatores.
Apesar disso, a perspectiva é positiva. O Brasil continua sendo um dos principais destinos de Venture Capital na América Latina. Alternativas de levantamento de capital devem continuar surgindo, seja por meio de entidades privadas ou incentivos públicos.
Podemos afirmar que com o Startup20, os olhos do mundo se voltaram para o Brasil, e, além disso, forçamos as instituições internas a mudarem a forma com que enxergam nossas próprias startups, o que pode resultar em mudanças muito significativas a longo prazo. Por outro lado, as startups precisam se preparar para colher os frutos quando eles vierem.
O Startup20 deixa um legado para as regiões onde passamos, e a associação continuará a trabalhar para desenvolver mais os temas discutidos e dar suporte aos pedidos e dificuldades dos empreendedores.
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