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A jornada de implementação de IA: quando o trabalho vence o hype

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Pexels/fauxels
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Nos últimos artigos publicados em minha coluna no Canaltech, destaquei, em todos eles, a importância de que as organizações estabeleçam, antes de mais nada, uma mentalidade e cultura AI-first — sobretudo no contexto atual de debates acerca da implementação de IA nas companhias.

Isso porque, no fim das contas, uma cultura corporativa que preza pela inovação é o pilar que dá sustentação às práticas que acompanham essa mentalidade de disrupção e transformação nas empresas, sendo imprescindível, portanto, para que a jornada seja exitosa.

Neste artigo, irei discorrer justamente sobre o caminho de implementação de IA que, em tese, todas as empresas – independentemente do setor de atividade — deverão percorrer.

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Acompanhe a leitura!

Não há um caminho único

Quando converso com empresas sobre a implementação de IA, automações e uma cultura AI-first no ambiente corporativo, existe um recado importante que inicia a discussão: não há um roadmap único que sirva para todas as organizações, já que estas podem estar — e é natural que estejam — em diferentes estágios de maturidade e prontidão para o uso de IA.

Dentro desse contexto, pode-se entender a existência de cinco passos ou estágios de maturidade:

  • Explorando: início do entendimento; fase de aprendizado e experimentação com IA em áreas específicas da organização; 
  • Planejando: fase de avaliação, definição e desenho de estratégia de IA, com execução de provas de conceito
  • Implementando: transformação de provas de conceito e pilotos em produto;
  • Escalando: expansão de projetos para toda a organização;
  • Realizando: execução de valor repetível e mensurável em toda a organização.

Urgência x preparo

Entender o nível dessa maturidade nas empresas é essencial para que se obtenha êxito nessa caminhada, principalmente em um contexto de urgência no que diz respeito à implementação de IA nas organizações ao redor do mundo – urgência que pode, em certos casos, transformar-se em pressa, aspecto que pouco contribui para a construção desse caminho. 

Segundo informações de uma pesquisa da Cisco realizada com líderes de negócio responsáveis pela integração e implantação de AI em suas empresas, 97% deles afirmam que a urgência na implantação dessa tecnologia aumentou na organização em que trabalham nos últimos seis meses.

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Contudo, apesar de uma urgência que afeta praticamente a totalidade das empresas, apenas 14% delas se encontram em um estágio de preparo total para essa transição. Conforme apontei anteriormente, o primeiro passo dessa jornada reside na construção de uma cultura adequada e bem consolidada.

Cultura, abertura a riscos e aprendizado

Um primeiro ponto que merece destaque nessa discussão diz respeito à inovação corporativa e sua posição primordial para implementação de IA.

Isso porque, em uma cultura inovadora, existe não só um compartilhamento mais livre de ideias, mas também uma abertura a riscos que é essencial em uma jornada de transformação — e, portanto, de aprendizado e crescimento. Sob essa perspectiva, o fracasso deve ser abraçado e entendido, e não evitado a qualquer custo.

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Para que essa cultura possa ser construída e entendida por todos e todas, é necessário que se fomente uma cultura também de liderança dos executivos, que liderem pelo exemplo e encorajem a experimentação. 

Nesse sentido, é fundamental, portanto, que essas lideranças sejam treinadas sobretudo em termos de mentalidade, de modo que possam estimular o pensamento criativo e, assim, estabelecer pontes e conexões que explorem devidamente o potencial de soluções de IA — estas trabalhando em conjunto com os humanos, assunto que tratei em meu último artigo. 

Produtividade com IA: ferramentas e processos


De acordo com um estudo realizado pela LXT, ganhos de eficiência e produtividade são o principal objetivo de estratégias de IA (65%) entre as empresas. Contudo, nesse cenário, é importante entender que não se trata de um processo plug-and-play, ou seja, que basta implementar um sistema e colher os benefícios imediata e automaticamente. 

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Nesse momento, entra a importância de uma estratégia de implementação condizente com as necessidades (e desejos) da organização, de maneira que, o início da execução de POCs e pilotos parta já de um entendimento acerca das deficiências e gargalos que a empresa possui em determinadas áreas e processos.

Com isso em mente, torna-se possível uma compreensão mais holística sobre questões envolvendo, por exemplo, ferramentas e consequentes treinamentos necessários, interações humano-máquina, e design de processos. Dessa forma, pode-se identificar e priorizar casos de uso de IA que suportem efetivamente os objetivos da organização.

IA x core business

Passados os pontos apresentados acima — os quais devem ser sempre revistos e, caso necessário, recalibrados às novas necessidades da companhia —, um próximo passo natural é a implementação de IA no negócio em si, como um aspecto nuclear da empresa.

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Nesse momento, a organização deve entender essa tecnologia e suas ferramentas não só como uma responsabilidade a mais, mas também como uma prática que demanda uma governança própria para que possa ser executada de modo adequado.

Assim, empresas nesse estágio de maturidade devem considerar com atenção os princípios de IA segura, garantindo que os dados estejam protegidos de ponta a ponta — seja em sua plataforma principal ou em outras aplicações. 

Além disso, deve-se atentar aos processos e mecanismos de responsabilidade necessários para governar o uso de IA e às suas políticas de privacidade e segurança dos dados. 

Conclusão

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Analisando os dados apresentados neste artigo — e outras informações presentes tanto no estudo da Cisco quanto no da LXT —, é possível perceber que estamos em um momento divisor de águas no que diz respeito à implementação de IA por parte das empresas.

Isso porque, conforme apontado, por um lado existe um sentimento intenso de urgência do lado das organizações em implementar IA em seus processos e produtos; por outro, o mercado não aparenta estar devidamente preparado para realizar essa transição — pelo menos não sem o suporte de profissionais mais especializados.

Daqui a alguns anos, portanto, poderemos observar, dentro desse contexto, dois tipos de ocorrência entre as empresas: aquelas que implementaram essas práticas com pressa, apenas para seguir o hype da concorrência, e aquelas que entenderam o aspecto estratégico envolvido e construíram um alicerce fundo para sua nova casa. 

Nesse futuro próximo, de qual lado você quer estar?