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Crítica | Shazam! mostra um herói como qualquer um de nós

Por| 04 de Abril de 2019 às 13h00

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Crítica | Shazam! mostra um herói como qualquer um de nós
Crítica | Shazam! mostra um herói como qualquer um de nós
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Quem nunca sonhou em ser um super-herói, voando por aí, salvando pessoas indefesas e lutando contra o crime? Fala a verdade, você pensou nisso mesmo enquanto adulto, afinal de contas existem muitos problemas contemporâneos que poderiam muito bem serem resolvidos com uma boa dose de magia. E se você conseguisse esses poderes agora, de repente, sem nem mesmo estar preparado direito?

A premissa de Shazam!, o novo filme do universo cinematográfico da DC Comics, captura o espectador pelo pescoço desde o início, algo que já sabíamos desde os primeiros trailers. Estamos diante, mais uma vez, de uma história de grandeza e poderes míticos, oriundos de um passado distante e vindos diretamente dos Deuses do Olimpo. Entretanto, ao contrário do que acontece com o Super-Homem ou a Mulher Maravilha, com suas origens especiais, Billy Batson (Asher Angel) pode ser qualquer um de nós.

Muito por causa dos eventos que o levam a ser tornar um herói, a última e desesperada tentativa de um mago antigo de combater o mal representado pelo Dr. Silvana (Mark Strong), um inimigo criado por suas próprias atitudes intransigentes do passado. Na busca pela maior pureza possível, o feiticeiro viu seus irmãos caírem e, por fim, deu origem à própria ameaça que, agora, nem ele próprio é capaz de combater. Juventude, atitude e coragem acabam sendo sua derradeira cartada.

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Aquaman, de dezembro passado, já havia mudado um pouco as coisas no rol de heróis da DC, abraçando o mito de forma bela e nos levando para um passeio a um mundo que não é o nosso. É uma mudança diante do passado da editora no cinema, já que, com sucesso questionável, a abordagem sombria tentava colocar deuses como parte integrante de nosso mundo, com sucesso questionável e, até hoje, assunto de discussões intermináveis entre fãs e rivais.

Um dos maiores destaques de Shazam! é, justamente, o fato de o filme de David F. Sandberg (Annabelle 2: A Criação do Mal e Quando as Luzes se Apagam) unir essas duas grandes vertentes de forma quase natural. Temos, ao mesmo tempo, um herói mágico, com histórico inalcançável e poder incalculável, com um passado de mitologia e tradição. Mas ele é colocado diretamente em nossa realidade e interagindo de maneira incrivelmente cotidiana com o mundo em que vivemos.

Talvez seja pela evolução natural de uma Terra que já está acostumada a heróis ou pelo amadurecimento da própria plateia ou da Warner enquanto produtora. Mas essas são discussões nas quais não entraremos aqui. O que importa, de verdade, é que Shazam! traz uma leveza incrivelmente bem-vinda não apenas a um personagem nem sempre celebrado, mas também a seu próprio universo cinematográfico.

Um incrível filme da Sessão da Tarde

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A primeira coisa que deve ser dita sobre Shazam! é que ele é muito divertido. Novamente, é o tipo de filme leve e, até mesmo, despretensioso como poucos dos heróis da DC. Talvez, novamente, pelo fato de seu protagonista não ser necessariamente o mais reconhecido e incrustrado nas mentes dos espectadores, tanto produtora quanto roteirista e diretor puderam ousar um pouco, brincando com as situações, os poderes e a própria mitologia do herói.

Afinal de contas, voltando ao que falamos no começo, se você adquirisse superpoderes enquanto lê este texto, ideais de nobreza e salvação dificilmente seriam a primeira coisa na sua cabeça. Você com quase certeza aproveitaria a supervelocidade ou o poder de voo para viajar até um ente querido que está distante ou usaria a força sobrehumana adquirida para mudar a posição dos móveis da sua sala.

No caso de Batson, um adolescente, trata-se de reconhecimento e uma capacidade de fazer absolutamente qualquer coisa. Todas as discussões, entretanto, são trazidas para o centro da família, outro dos grandes temas do longa juntamente com a mitologia. A própria história do personagem central se torna o ponto focal não apenas de sua evolução enquanto herói, mas também é o gerador de conflitos que nenhum poder é capaz de resolver.

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Inclusive, é interessante ver que as mesmas raízes do herói também representam a gênese do vilão. Dr. Silvana recebe um bocado de tempo de tela, mas as criaturas que o acompanham, nem tanto, provavelmente em uma tentativa de colocar dois ideais parecidos, mas totalmente opostos, frente à frente.

Tal contraste também existe dentro do próprio protagonista. Batson e Shazam (Zachary Levy) são a mesma pessoa, mas nem sempre. O garoto fechado e marcado por ter se perdido da mãe ainda quando muito criança faz um contraponto direto com o cara musculoso e poderoso, capaz de tudo, mesmo que trazendo a alma de moleque. Como disse o próprio mago, trata-se de Billy em seu potencial mais alto, mas isso, pelo jeito, também se aplica a seus defeitos e incertezas, muitos nem mesmo percebidos por ele.

A própria jornada de descoberta de Batson na pele de Shazam é pura galhofa, mas, ao mesmo tempo, enquanto ele brinca, o grande mal se aproxima. As risadas e momentos divertidos, ou nem tanto assim, são alternados com cenas até horripilantes de Silvana e os Sete Pecados Capitais em ação, mostrando que a hora da verdade está próxima e fazendo questão de deixar claro que o herói não está preparado para ela.

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Com tudo isso, outra palavra que definiria Shazam! muito bem, além de divertido, é equilibrado. O filme não deixa de ser sério, apesar de rebater questionamentos sobre rejeição e aceitação com piadinhas nem sempre engraçadas e adequadas. Os mitos gregos são colocados em prática diante de um celular, enquanto o YouTube é o agente que leva o herói à consagração e, também, a um encontro com os próprios conflitos.

Falamos em Sessão da Tarde no subtítulo acima pelo longa ter todos os elementos de um filme de domingo, com uma história natalina e um elenco diverso, com pais, adultos mais velhos e até crianças (destaque, inclusive, para os ótimos Faith Herman, que interpreta a irmãzinha de Batson, e Jack Dylan Grazer, o melhor parceiro que Shazam poderia querer). Tem ação, magia e principalmente diversão.

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Entre claríssimas referências a Matrix, herói e vilão bem construídos e uma pegada acelerada e interessante, Shazam! é o cinema de herói em estado puro. É o tipo de filme que crianças pequenas podem assistir, saindo da sala estufando o peito e querendo pular do sofá em uma tentativa de voar. É uma adição que enriquece o universo cinematográfico da DC e leva seus heróis a novos rumos e também um longa que os fãs dos quadrinhos e quem procura um entretenimento com mais camadas deve curtir.

Não é, entretanto, o filme que vai levantar mil discussões entre a base de fãs ou fomentar inúmeros vídeos de explicações (ou talvez alguns, por conta da cena pós-créditos). Shazam! é filme para sair sorrindo da sala e seguir a vida energizado com sentimentos da infância e a verdadeira noção de que qualquer um de nós poderia ser um herói, caso o mundo estivesse em perigo e um mago esquisito decidisse nos entregar seus poderes. Pode acontecer, afinal de contas, está na tela.