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Crítica | Homem-Aranha: Longe de Casa, mas perto da gente

Por| 02 de Julho de 2019 às 10h28

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Crítica | Homem-Aranha: Longe de Casa, mas perto da gente
Crítica | Homem-Aranha: Longe de Casa, mas perto da gente
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Imagine que você é um adolescente do subúrbio de Nova York que, de repente, se descobre detentor de um grande poder. Mais do que isso, você se une em conflitos internacionais, tramas intergalácticas e até mesmo um projeto de apocalipse para, na sequência, retornar ao último ano do ensino médio. O contraponto é gigantesco, as ameaças, como percebeu, são enormes, mas a confusão é ainda maior.

Una a isso o fato de seu grande mentor estar não apenas morto, mas também ter deixado um vazio que, muitos acreditam, será preenchido por você. Peter Parker enfrentou Thanos, trabalhou com o Capitão América e lutou ao lado da Capitã Marvel, mas a pressão ainda parece grande demais, afinal de contas mesmo com seus grandes feitos, ele ainda é um garoto. O universo fez questão de mostrar a ele que é hora de crescer, mas o processo não é tão simples assim. Acima de tudo, será que ele deseja isso?

Homem-Aranha: Longe de Casa, que estreia nesta semana nos cinemas brasileiros, se passa em um mundo que tenta encontrar normalidade após o Blip, como ficou conhecido vulgarmente o infame estalar de dedos que fez sumir metade da vida no universo. Enquanto as pessoas seguem suas vidas, com aparente sucesso apesar das estranhezas daqueles que desapareceram por cinco anos, Parker (Tom Holland) tenta juntar o que restou não apenas depois de seu próprio sumiço, mas também da morte de Tony Stark (Robert Downey Jr.).

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É o tipo de filme que apresenta aquilo que os espectadores querem ver, principalmente depois do épico Vingadores: Ultimato. E é o tipo de trama pela qual o Homem-Aranha ficou conhecido. Enquanto os Vingadores estão preocupados com ameaças interplanetárias, Parker sofre para que a declaração de amor para MJ (Zendaya) seja perfeita. Mas as velhas palavras de Tio Ben, ditas há mais de 20 anos e em outro universo, ainda ecoam. Desta vez, porém, as responsabilidades parecem maiores que os problemas.

Enfrentamos uma trama global, que, coincidentemente ou não, forçadamente ou de maneira natural, também passa pelo aguardado tour europeu de Parker e seus amigos da escola. O Aranha, entretanto, não é o único a saber que o assento que antes era de Stark está vazio, com Quentin Beck (Jake Gyllenhaal) surgindo na cena como um possível sucessor ao trono.

Enxergamos, também, conflitos relacionados a uma sensação de impotência do próprio Nick Fury (Samuel L. Jackson). Atingido pelo Blip e, antes, pela traição no interior da S.H.I.E.L.D. e a mudança de postura dos burocratas quanto aos heróis, ele também percebe que seu único olho, metaforicamente, não enxerga mais tão longe quanto antes. E nele há, também, uma gana para garantir que a Terra permaneça protegida, mesmo após eventos tão trágicos.

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Homem-Aranha: Longe de Casa sofre do problema e, ao mesmo tempo, se beneficia do estado atual do Universo Cinematográfico da Marvel. Ao longo da última década, vimos filmes cada vez maiores e oponentes que cresciam em força, na mesma medida em que os protagonistas ampliavam seu fator heroico. O que vem, então, depois da dizimação de metade dos seres vivos? Como entregar algo que tem o peso de ser a continuação de Ultimato?

É nessa busca por preencher vazios, encontrar lugares e, principalmente, resolver a vida que está o grande poder do Homem-Aranha e também de Longe de Casa. Mas estamos falando de um filme de super-herói que, afinal de contas, precisa ter cenas épicas de combate. E são nesses momentos que o filme dirigido por Tom Watts e roteirizado por Chris McKenna e Erik Sommers (o trio repete a parceria de De Volta ao Lar) entrega seus momentos menos interessantes.

Não entenda mal: a ação é incrível e o Teioso está bem colocado nela como sempre. Os momentos finais na Ponte da Torre, em Londres, podem muito bem figurar entre as melhores cenas de ação dos últimos anos do MCU. Entretanto, enquanto o Homem-Aranha e Mysterio encaram os Elementais gigantes e o caos se instaura na Europa, o espectador pode se perceber muito mais interessado na cena que vem depois do que na luta em si.

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Afinal de contas, como a Casa dos Ideias já nos mostrou muito bem nos cinemas, tudo tem consequências, e estamos em um mundo em que elas são grandes e pesadas demais. Salvar pessoas nunca, jamais, será fácil, e o risco de perder um ente querido é mais um dos tantos fantasmas que assombram Parker nesse filme. Entretanto, a cabeça dele está mais do que nunca a mil por hora, e enfrentar perigos em um mundo de tantos heróis, para ele, nem sempre precisa ser uma responsabilidade própria.

E é justamente esse caráter que dá, mais uma vez, a alma de um filme estrelado pelo personagem. Enquanto no MCU falamos sobre super soldados, deuses nórdicos ou milionários altamente inteligentes, o Homem-Aranha é como uma versão mais poderosa e sortuda de nós mesmos. E enquanto tais figurões, muitas vezes, podem ser imaculados, a falta de preparo do Amigão da Vizinhança pode se tornar seu principal inimigo, assim como eu e você quando tomamos decisões impulsivas ou agimos sem pensar muito, guiados por um instinto que nem sempre nos representa integralmente, mas não deixa de ser parte da gente.

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Chega a ser difícil falar dos elementos mais interessantes de Homem-Aranha: Longe de Casa, afinal eles representariam spoilers. Os fãs dos quadrinhos vão estar um passo adiante durante boa parte da história, algo que também é usado a favor do roteiro, pois aumenta o envolvimento do espectador com o herói. Existem também, é claro, as surpresas, além de alguns indícios do que nos espera no futuro do MCU.

Entretanto, a maior herança do novo filme do personagem é o fato de ele, pelo menos na superfície, parecer um pouco mais seguro de si, finalmente (apesar de as bases, logo, acabarem chacoalhadas novamente). É a fixação de um herói em meio àqueles que, agora sim, soam como seus pares, detentores do destino da Terra e da salvação da humanidade, mesmo tendo fraquezas e relações pessoais para cuidar, com desafios que parecem ainda mais complexos aqui do que lá.

Longe de Casa, entretanto, o Homem-Aranha se provou mais próximo de si do que nunca, e também daquilo que serve como seu norte. A frase dita por Ben e que atravessa universos, como sempre, está certíssima, mas pela primeira vez Peter Parker parece ter poderes plenamente capazes de encarar as responsabilidades. Sejam elas as de ser um herói e salvar o universo, trabalhar o próprio luto ou passar de ano na escola e cuidar da família.

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Homem-Aranha: Longe de Casa estreia no dia 4 de julho nos cinemas do Brasil. O longa também traz Marisa Tomei, Jon Favreau, Cobie Smulders, Jacob Batalon e Angourie Rice no elenco.