Amazon pode comprar rede de cinema dos Estados Unidos

Depois de dominar o comércio eletrônico online, a Amazon pode estar, mais uma vez, de olho em estabelecimentos físicos com a possível compra de uma rede de cinemas. A gigante do e-commerce seria uma das mais cotadas para adquirir a Landmark Theaters, uma rede com 50 salas em 27 cidades voltada para filmes independentes ou estrangeiros.

Bezos estaria na mesa de negociação com os fundadores da cadeira, Mark Cuban e Todd Wagner, negociando preços e condições para a aquisição. Outros nomes, como a Netflix, também teriam sido considerados, mas a Amazon acabou sendo a favorita dos proprietários por, supostamente, estar mais alinhada com os princípios originais da rede.

A Landmark Theaters é reconhecida pelo apoio e espaço dado ao cinema independente internacional e também por oferecer mais do que apenas cinema. Em muitos de seus estabelecimentos em cidades como Nova York, Los Angeles e São Francisco, a rede possui espaços para eventos, lounges para apresentação e cafeterias, se configurando como um espaço para freelancers, encontros e discussões.

Para a Amazon, uma das principais vantagens da aquisição seria o acesso a um mercado de distribuição bem maior, principalmente para suas produções originais. Um dos focos, por exemplo, seriam os prêmios da indústria, que na maioria das vezes exigem exibição cinematográfica antes ou de forma simultânea ao lançamento por streaming e outras mídias. Justamente por conta disso, boicotes e discussões tomam conta do cenário a cada temporada de premiação, algo que pode mudar caso a companhia de Bezos tenha suas próprias salas.

Além disso, claro, seria uma maneira de aumentar a distribuição das produções em si, além de chamar mais atenção a elas com a realização de eventos especiais e exclusivos para os assinantes. De tempos em tempos, por exemplo, os usuários pagantes do Amazon Prime Video têm acesso a estreias exclusivas e antecipadas, como aconteceu com filmes como Hotel Transilvânia 3 e Jumanji: Bem-Vindo à Selva, que puderam ser vistos por eles semanas antes da estreia em cinemas selecionados.

Ajuda, ainda, a possibilidade de derrubada do chamado “decreto Paramount”, o fim de um precedente legal que dificulta a vida de produtoras na hora de possuírem seus próprios cinemas. Assinado em 1948 e fruto de um processo antitruste contra o estúdio, o caso mudou a indústria de cinema da época, gerando maiores custos e cuidado com as produções e, também, uma maior diversidade de filmes nas telas e mais espaço para trabalhos independentes ou desligados de grandes distribuidoras.

Para analistas da Bloomberg, responsável por revelar a informação, seria uma iniciativa interessante e um novo mercado para a empresa, obtidos por um investimento baixo. O valor da aquisição, porém, não é citado na reportagem, uma vez que as negociações ainda estão acontecendo e, por mais que a Amazon seja a preferida, ainda existem chances de os trabalhos não avançarem.

Mesmo assim, e ao contrário do que era esperado, a indústria do cinema reagiu com positividade à notícia, pelo menos no mercado financeiro. A informação de que uma empresa de streaming estaria interessada em uma rede de cinemas, em vez de ser apontada como responsável pelo declínio das salas, fez subir as ações de duas outras cadeias desse segmento. A AMC Entertainment e a Cinemark tiveram altas que chegaram a ultrapassar 4%, atingindo o maior aumento desde o ano passado.

A investida da Amazon no mundo físico é uma tendência recente, que envolve desde a abertura de livrarias próprias, em 2015, até a mais recente compra da rede de mercados americana Whole Foods, em um negócio de US$ 13,7 bilhões. A possível aquisição da Landmark Theaters, entretanto, não foi comentada por nenhum dos envolvidos e permanece em caráter de especulação.

Fonte: Bloomberg