Publicidade

Vídeo da Google mostra um curioso e assustador pensamento sobre dados

Por| 18 de Maio de 2018 às 18h38

Link copiado!

The Verge
The Verge
Tudo sobre Google

Um vídeo criado pela Google em 2016 para uso interno foi divulgado pelo site The Verge e mostra um pensamento ao mesmo tempo ambicioso e amedrontador com relação ao uso de dados. Chamado de The Selfish Ledge, ou o "Registro Egoísta", o vídeo usa conceitos da biologia relacionado a genética para pensar a utilização de dados no futuro.

O vídeo usa ideias de Jean-Baptiste de Lamarck, William Donald Hamilton e Richard Dawkins para fazer um paralelo ao uso de dados. Aliás, o nome vem de uma homenagem ao livro mais famoso de Dawkins: O Gene Egoísta.

Pois bem, o vídeo é uma produção de Nick Foster e David Murphy, responsáveis pelo X, uma incubadora de projetos inovadores da Alphabet. A proposta era estimular o pensamento dos integrantes do laboratório com novas ideias e propostas.

A produção de 9 minutos traz o conceito do registro egoísta. Foster narra as teorias dos três pesquisadores para explicar sua tese. Ele lembra da teoria de Lamarck, o qual propunha que uma determinada característica adquirida em vida poderia ser passada aos descendentes. Lamarck é lembrado como um dos pioneiro da evolução e genética, mas seu conceito foi provado errado por Darwin. Foster reconhece isso no vídeo ao dizer que: “o pensamento de Lamarck pode não funcionar para o ser humano na genética, mas pode nos ajudar a entender dados de um usuário”.

Continua após a publicidade

O que Foster defende é que, diferente dos genes, atualmente as informações de comportamento de uma pessoa ficam registradas em smartphones, redes sociais e até livros, para que próximas gerações possam ter acesso a elas. É aí que entra a teoria de Dawkins.

Em O Gene Egoísta, de forma muito simplista, o autor defende que um gene humano não cria comportamentos que promovam necessariamente a perpetuação de um indivíduo ou espécie, mas a perpetuação do próprio gene. “Ele introduziu a ideia de que um gene, apesar de não ter motivação ou vontade, poderia metaforicamente e pedagogicamente ser descrito como se tivesse. Nesse modelo, o indivíduo é uma área de transição, uma ferramenta de sobrevivência para um gene”, diz Foster no vídeo.

Dessa forma, é possível dizer que um gene se perpetua para além do tempo de vida de um indivíduo. E Foster defende que os dados também. Assim, ele imagina que, tal qual o código genético carrega todas as informações evolutivas biológicas da espécie, hoje é possível, com a quantidade de dados que se tem, produzir um código comportamental humano, que ele chama de registro, ou “ledger” na versão original.

Continua após a publicidade

Ao pensar nos dados como genes, Foster cria um mundo utópico em que propõe um servidor, com este registro de todo comportamento humano capaz de criar demandas e produtos que nem o ser humano seria capaz de pensar. Por exemplo, ele cita que o servidor poderia, sozinho, passar a pensar em um produto ideal para uma determinada função e, ao vasculhar todo o histórico, perceber que este produto não existe, pegar estas informações e propor um novo design. Ainda sozinho, com impressões 3D, por exemplo, seria possível criar e colocar o tal produto à venda. “Com o avanço de tecnologia, como as de impressão, um novo produto pode ser criado para ativar o interesse de compradores. Dessa forma, o registro usa o seu conhecimento de tecnologia para remodelar o comportamento humano”, aponta Foster.

Isso levanta um pensamento final para o vídeo, em que aponta que, tal qual o mapeamento genético permitiu identificar e modificar genomas para um determinado fim, o mapeamento comportamental humano poderia identificar e modificar um comportamento humano também para um determinado fim. O que o vídeo diz no fim é que isso poderia modificar a atual e também as próximas gerações. O que ele não diz é se é para bem ou para o mal.

Fonte: The Verge