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Resumimos as principais descobertas da New Horizons sobre Plutão e suas luas

Por| 30 de Dezembro de 2015 às 12h30

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Lançada pela NASA em 19 de janeiro de 2006, a missão não tripulada New Horizons teve como destino o Cinturão de Kuiper, região longínqua do Sistema Solar que abriga Plutão, o planeta-anão que conquistou os holofotes da ciência em 2015. Desde julho deste ano, a sonda tem enviado para a agência espacial dos Estados Unidos uma vasta quantidade de informações e imagens sobre o planeta e seus satélites naturais, mudando nossa forma de enxergar o antigo último planeta do nosso quintal espacial.

Baixa definição, altas expectativas

À medida que a New Horizons foi se aproximando do planeta-anão, as primeiras imagens começaram a chegar para a equipe da NASA em Terra. Em 8 de julho, a agência espacial soltou essa imagem com baixa definição e bastante borrada, registrada pela New Horizon´s Long Range Reconnaissance Imager (LORRI) quando a nave estava a uma distância de oito milhões de quilômetros de Plutão.

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(Reprodução: NASA-JHUAPL-SWRI)

As expectativas eram grandes. “Na próxima vez que virmos uma imagem próxima de Plutão, ela terá 500 vezes melhor resolução do que esta que vemos hoje. Será incrível!”, disse Jeff Moore, geólogo, geofísico e líder da equipe de imagem do NASA´s Ames Research Center.

Essa foi a primeira imagem que revelou o “coração” formado na superfície do planeta, que conquistou a todos e, após a divulgação de fotos com melhor qualidade, acabou virando até meme na internet.

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"Querida Terra, obrigado pela visita! Com amor, Plutão" (Reprodução: Divulgação)

A grandalhona Caronte

A partir do dia 9 de julho, começaram a chegar imagens de Caronte (ou "Charon", em inglês), uma das cinco luas de Plutão.

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(Reprodução: NASA-JHUAPL-SWRI)

“Cientistas acreditam que eles [Plutão e Caronte] foram moldados por uma colisão cósmica ocorrida há bilhões de anos, e ainda, em em vários aspectos, eles parecem ser mais estranhos um ao outro do que parentes”, dizia a nota publicada no hotsite da New Horizons.

Caronte fica a mais ou menos 1.200km de Plutão, e tem cerca da metade de seu diâmetro, sendo a maior lua do Sistema Solar, se comparada ao tamanho de seu planeta. Imagens registradas pela sonda em 11 de julho revelaram que o satélite possuía crateras, abismos e um pólo norte escurecido.

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(Reprodução: NASA/JHUAPL/SWRI)

Proporções

Em 13 de julho, a missão pôde responder a uma dúvida bastante antiga: qual o real tamanho de Plutão? Os cientistas da New Horizons puderam, finalmente, calcular seu tamanho, que é de 2.370km de diâmetro, sendo maior do que muitos especialistas estimaram no passado. Os resultados confirmaram a suspeita de que o planeta-anão é, na verdade, maior do que qualquer outro objeto espacial localizado depois de Netuno.

“O tamanho de Plutão tem sido debatido desde sua descoberta em 1930. Estamos muito empolgados por finalmente resolver essa questão”, contou o cientista Bill Mckinnon, que faz parte da equipe da missão New Horizons.

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A criação artística compara o tamanho de Plutão e Caronte com as dimensões da Terra (Reprodução: NASA)

Muita emoção

Foi com bastante emoção que os cientistas da NASA receberam as imagens mais nítidas de Plutão, em 14 de julho, revelando uma quantidade incrível de detalhes de sua superfície.

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(Reprodução: NASA/Bill Ingalls)

Encontro histórico

Em 14 de julho, após quase uma década de viagem, a sonda esteve posicionada a uma distância muito próxima da superfície do planeta, e a data ficou marcada como o dia do encontro histórico entre uma nave construída pelo homem e o que já foi considerado o último planeta do Sistema Solar. A New Horizons chegou a uma distância de cerca de 12.500km do corpo celeste, e, finalmente, registrou imagens nítidas e surpreendentes de sua superfície avermelhada.

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(Reprodução: NASA/APL/SwRI)

“A exploração de Plutão e suas luas pela New Horizons representa um significativo evento aos 50 anos de exploração espacial da NASA e dos Estados Unidos”, disse o administrador da agência espacial norte-americana, Charles Bolden. “Mais uma vez atingimos um marco histórico. Os Estados Unidos são a primeira nação a chegar a Plutão, e com essa missão completaram sua inspeção inicial do Sistema Solar”, completou.

Hydra, ou Hidra

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No dia seguinte, 15 de julho, foi a vez do satélite Hydra (ou Hidra, em português) ter seus cinco minutos de fama. Descoberta pelo telescópio espacial Hubble em 2005, a lua tem um formato diferente da maioria dos demais corpos celestes, uma vez que não é exatamente circular. Com as novas imagens da New Horizons (mesmo com baixa definição), foi possível determinar com maior precisão como era seu formato irregular, bem como observar melhor a variação de brilho de sua superfície.

(Reprodução: NASA-JHUAPL-SwRI)

A LORRI mostrou que o pequeno satélite em formato de uma batata média mais ou menos 43km por 33km, e que sua superfície era, provavelmente, recoberta por água congelada.

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Montanhas congeladas

As imagens de 15 de julho também revelaram a existência de montanhas congeladas na superfície de Plutão. Os cientistas estimaram que as formações rochosas tenham cerca de 100 milhões de anos, o que faz delas bastante jovens, já que o Sistema Solar foi formado há cerca de 4,56 bilhões de anos.

(Reprodução: NASA-JHUAPL-SwRI)

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“Essa é uma das superfícies mais jovens que já vimos no Sistema Solar”, disse Jeff Moore, geólogo do NASA´s Ames Research Center.

Diferentemente de como acontece com luas congeladas de outros planetas, Plutão não pode ser aquecido com interações gravitacionais, então os cientistas passaram a repensar os motivos pelos quais essas formações geológicas foram formadas. Mesmo com a alta concentração de metano e nitrogênio na superfície do planeta, esses materiais não seriam fortes o suficiente para levantar montanhas, o que levou a crer que as montanhas teriam sido formadas a partir de água congelada.

Atmosfera extensa

Já em 17 de julho, a NASA falou um pouco mais sobre a atmosfera rica em nitrogênio de Plutão, que se estende por até 1.600 quilômetros acima de sua superfície. “Esse é apenas o início da exploração atmosférica de Plutão”, revelou Andrew Steffl, cientista da New Horizons.

Imagem incrível da silhueta de Plutão com sua extensa atmosfera ao seu redor (Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

Planícies de gelo

Os dados do dia 17 de julho também trouxeram imagens de extensas planícies de gelo na superfície do planeta, onde não há crateras. Essas áreas parecem ter uma idade de mais de 100 milhões de anos, e provavelmente ainda está em processo de formação geológica.

(Reprodução: NASA/JHUAPL/SWRI)

A região foi chamada de “Sputnik Plain” e está localizada no lado norte das montanhas congeladas de Plutão, próxima ao centro do que ficou conhecido como “a área do coração”, apelidada de “Região de Tombaugh” (em homenagem a Clyde Tombaugh, que descobriu o planeta-anão em 1930).

Jeff Moore contou que “esse terreno não é fácil de explicar. A descoberta de uma jovem e vasta planície, desprovida de crateras, vai além de todas as expectativas prévias ao sobrevoo da sonda”. Foram duas as teorias para explicar a formação das planícies: o formato poderia ser resultado de uma contração dos materiais de sua superfície, ou ainda poderia ser o produto de um processo geológico chamado convecção.

Uma luazinha

Nix (ou "Nyx"), o menor satélite natural de Plutão, foi avistado pela New Horizons. Mesmo que a imagem tenha uma resolução precária, foi possível determinar que a lua tem apenas 6km de diâmetro, mas cientistas acreditam que a imagem tenha revelado apenas uma ponta de um corpo alongado que teria cerca de 40km.

(Reprodução: NASA/JHUAPL/SWRI)

Pequenas irmãs

Nix e Hidra, duas das cinco luas de Plutão, são pequenas irmãs.

(Reprodução: NASA/JHUAPL/SWRI)

Novas imagens da New Horizons mostraram que Nix (à esquerda), tem uma ainda misteriosa região avermelhada que intrigou os cientistas, que acreditam se tratar de uma cratera. Já Hidra (ou "Hydra", à direita), mostrou possuir pelo menos duas grandes crateras.

Gelo flutuante

No dia 24 de julho, a New Horizons revelou que Plutão conta com grandes pedaços de gelo “flutuando” por sua superfície.

(Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

A LORRI revelou sinais de recente atividade geológica no planeta-anão, algo que os cientistas sonhavam em encontrar, mas não criaram muitas expectativas. John Spencer, co-investigador da missão, contou que “só vimos superfícies como essa em mundos ativos como a Terra e Marte”.

De tirar o fôlego

Já durante o mês de setembro, a NASA recebeu imagens de close-up de diferentes regiões da superfície de Plutão — imagens essas de tirar o fôlego.

Nesta belíssima imagem, podemos ver parte de Plutão como se estivéssemos dentro da sonda New Horizons, a 1.800km acima de sua superfície (Reprodução: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute)

A foto mostra momentos antes de um belíssimo pôr do Sol em Plutão (Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

Imagem mais detalhada de montanhas congeladas e planícies da superfície do planeta-anão (Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

Na foto, podemos ver uma área que separa em qual parte do planeta ainda é dia, e em qual parte já é noite, com uma intrigante textura que lembrou a pele de uma cobra (Reprodução: NASA/JHUAPL/SWRI)

Céu azul e a confirmação de existência de água em Plutão

Outubro nos trouxe a informação de que Plutão tem, na verdade, um belíssimo céu azul. “Quem esperaria um céu azul em pleno Cinturão de Kuiper?” indagou Alan Stern, principal investigador da New Horizons.

(Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

As partículas que formam a neblina do céu de Plutão são, na verdade, cinzas ou avermelhadas, mas a forma que elas espalham a luz azul surpreendeu os cientistas. “Um céu azul é resultado do espalhamento da luz solar por partículas muito pequenas. Na Terra, essas partículas são minúsculas moléculas de nitrogênio. Em Plutão, elas parecem ser maiores - mas ainda relativamente pequenas - e as chamamos de ‘tholins’.”, explicou Carly Howett, que faz parte da equipe de pesquisa.

E a NASA também surpreendeu a todos com a confirmação da existência de água no planeta-anão.

A imagem mostra inúmeras pequenas regiões repletas de água congelada na superfície de Plutão (Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

“Entender por que a água aparece exatamente onde aparece, e não em outros lugares, é um desafio no qual estamos entrando de cabeça”, contou Jason Cook, outro membro da equipe de cientistas.

As duas últimas luas

Depois de revelar detalhes sobre Caronte, Nix e Hidra, chegou a vez de Styx (ou Stix, em português), que foi descoberto em 2012, e Kerberos (ou Cérbero), descoberto em 2011.

(Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

Stix, de cuja existência não se tinha conhecimento até três anos atras, é o menor satélite natural de Plutão. A imagem aparece com uma definição bastante “capenga” porque a sonda esteve a uma grande distância do corpo celeste (631 mil quilômetros). “Apesar de não parecer muita coisa, a imagem de Stix revela se tratar de um satélite alongado, com aproximadamente sete quilômetros em sua dimensão maior, e 5km na menor”, contou Hal Weaver, cientista da New Horizons.

A imagem sugere que Stix tenha uma superfície de gelo brilhante e reflexiva, similar às de Nix e Hidra.

(Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

Já essa outra imagem de baixa resolução mostra Cérbero, que parece ser menor do que o esperado pelos cientistas. “Mais uma vez, o sistema de Plutão nos surpreendeu”, disse Hal Weaver. “Os novos dados revelaram que Cérbero tenha aproximadamente oito quilômetros em seu lado maior, tendo o menor cerca de 5km”, contou o cientista.

A equipe de cientistas especula que a lua tenha ganhado seu formato incomum após a colisão de dois objetos menores, e sua superfície reflexiva sugere que Cérbero seja recoberta de gelo, assim como as outras luas de Plutão.

Retrato de família

Após compilar os dados e as imagens com melhor resolução recebidas da New Horizons, a equipe da NASA montou uma espécie de “retrato de família” das luas de Plutão.

(Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

Tudo devidamente registrado

Para documentar oficialmente tantas descobertas, no dia 16 de outubro a NASA publicou na renomada e importante revista Science tudo o que a sonda New Horizons revelou sobre Plutão e seus satélites, desde a curiosa área em formato de coração, até sua extensa atmosfera e a descoberta de água congelada e um belíssimo céu azul.

O documento foi chamado de “The Pluto System: Initial Results from its Exploration by New Horizons” (em tradução livre, “O sistema de Plutão: resultados iniciais de sua exploração pela New Horizons”) e marca mais um importante e memorável feito da agência espacial dos Estados Unidos.

“A New Horizons não está somente descrevendo o sistema de Plutão; está servindo como inspiração para atuais e futuras gerações de exploradores para que continuem procurando o que está além da próxima fronteira”, disse Jim Green, diretor de ciência espacial da NASA.

Depois de finalizar sua missão por Plutão, a sonda continuará coletando dados pelo Sistema Solar e enviando-os para a Terra, sendo o segundo objeto artificial mais veloz da história da nossa exploração espacial.

Uma visão ainda mais aproximada de Plutão

No comecinho do último mês de 2015, a NASA recebeu imagens ainda mais nítidas da superfície do planeta anão.

(Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI)

“Essas imagens em close-up, mostrando a diversidade do terreno de Plutão, demonstram o poder dos nossos exploradores robóticos”, afirmou John Grunsfeld, que faz parte da diretoria da agência espacial dos Estados Unidos. Já para Alan Stern, principal analista da New Horizons, “essas novas imagens nos dão uma janela de tirar o fôlego, em altíssima resolução, da geologia de Plutão”. “A ciência que podemos fazer com essas imagens é simplesmente inacreditável”, completou.

E a missão continua

A sonda seguiu seu caminho pelo Cinturão de Kuiper, registrando dados e imagens de objetos até então desconhecidos pelo homem. Também em dezembro, a NASA começou a considerar a possibilidade de estender a missão para que novos corpos celestes sejam estudados, como, por exemplo, o objeto transnetuniano 2014 MU69, que deverá ser avistado pela New Horizons em janeiro de 2019.

A criação artística mostra a sonda New Horizons encontrando o objeto 2014 MU69, localizado no distante Cinturão de Kuiper (Reprodução: NASA/JHUAPL/SwRI/Alex Parker)

Fonte: New Horizons|NASA