Pesquisadores começam a observar ondas gravitacionais direto do espaço
Após a confirmação da existência das ondas gravitacionais e de toda a comoção em torno disso, chegou a hora de pôr a novidade a teste e descobrir do que essa alteração no espaço-tempo é capaz. Afinal, se estamos falando em distorções nesses elementos sempre tão bem estabelecidos, é preciso saber um pouco mais sobre esse fenômeno para saber do que ele é capaz. E, não, não estamos falando de viagens no tempo — pelo menos, não ainda.
Conforme anunciado pela Universidade de Hannover, uma nave espacial foi enviado no último dia 3 de dezembro para o espaço para começar a realizar testes com as recém-comprovadas ondas. E, depois de dois meses de viagem, a nave LISA Pathfinder finalmente chegou ao seu destino e já deu início à fase de experimentos. Ao todo, foram mais de 1,5 milhões de quilômetros percorridos em direção ao Sol. O objetivo é observar o efeito dessas ondas gravitacionais e descobrir, na prática, o quanto elas distorcem e como isso é percebido, de fato.
Para isso, cientistas fizeram com que a nave liberasse duas massas de teste idênticas, feitas de ouro e platina. São cubos brilhantes que ficarão em queda livre perfeita e isolados de fatores que possam alterar seus resultados, como radiação cósmica e vento solar. Assim, a partir disso, pesquisadores vão medir sua posição com precisão para descobrir se houve ou não alguma distorção, a qual seria causada pelo efeito das ondas gravitacionais. Se isso realmente acontecer, é porque uma alteração no espaço-tempo fez com que uma das massas percorresse uma “trajetória menor”, mesmo seguindo o mesmo caminho da outra.

De acordo com o diretor do Instituto Max Planck para Físicas Gravitacionais, Karsten Danzmann, a missão inicial da LISA Pathfinder foi um sucesso. Mesmo com uma demora de quase um mês para conseguir fazer com que o lançamento dos “cubos cósmicos” fosse perfeito, o que exigiu um pouco de aprendizado por parte da equipe em Terra. Porém, segundo ele, tudo foi rapidamente resolvido e o interferômetro a laser localizado entre os dois cubos de 46 milímetros está operante. Tanto que ele destaca esse momento histórico para a Ciência.
A partir dos dados coletados nessa queda livre, a LISA Pathfinder começará sua nova fase em 1º de março. Segundo o anúncio feito pela Universidade de Hannover, isso vai ajudar a demonstrar e a validar as tecnologias de detecção de ondas gravitacionais diretamente do espaço, o que deve ajudar a pavimentar o caminho para mais observatórios espaciais desse fenômeno no futuro. E, levando em consideração a empolgação de toda a comunidade científica diante da descoberta, pode ter certeza de que ainda veremos muitos mais iniciativas assim aparecendo no futuro.
E seguimos à espera do momento em que isso vai se converter em uma máquina do tempo.
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