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O céu (não) é o limite | O que está rolando na ciência e astronomia (02/04/2019)

Por| 02 de Abril de 2019 às 15h30

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Gabriel Perez Dias/Instituto de Astrofísica das Canárias
Gabriel Perez Dias/Instituto de Astrofísica das Canárias

Nesta última semana tivemos um montão de notícias científicas, e sem dúvidas o maior "bafafá" dos últimos dias envolve a Lua — ou melhor, o retorno da humanidade à Lua. Não sabe do que estamos falando? Então se liga no resumo abaixo, com a síntese das principais notícias científicas que rolaram nos últimos dias!

Governo pressiona e NASA pode enviar pessoas à Lua em 2024

O atual programa lunar da NASA previa levar novamente astronautas à Lua somente em 2028, mas a atual Corrida Espacial, que tem "players" como Rússia, China e empresas privadas, fez com que o governo achasse 2028 um prazo longo demais e, sob pressão, a NASA anunciou que pode realizar tal feito dentro de apenas cinco anos — ou seja, até 2024.

Mike Pence, vice-presidente dos EUA, deixou claro que a política da administração Trump é levar de novo astronautas americanos à Lua dentro de cinco anos, "lançados por foguetes americanos em solo americano". E como o Space Launch System (SLS), poderoso foguete que a NASA vem desenvolvendo há vários anos, provavelmente não ficará pronto nesse meio tempo, é possível que a agência acabe contando com foguetes da SpaceX para tal.

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Indo além das especulações do mercado, Jim Bridenstine, administrador da NASA, declarou dias depois que o plano de levar humanos novamente à Lua em 2024 pode, sim, contar com um foguete Falcon Heavy para tal. Contudo, essa proposta ainda precisa ser aprovada pelo chefe de voos espaciais tripulados da agência.

Decifrando o código universal da linguagem das abelhas

Pesquisadores afirmam ter começado a decifrar o código da linguagem universal das abelhas, com cientistas de todo o mundo podendo, a partir de agora, interpretar melhor as complexas comunicações desses insetos.

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A ideia foi decifrar as mensagens instrutivas codificadas nos movimentos das abelhas (as chamadas waggle dances), com a equipe analisando essas danças de 85 abelhas marcadas em três colmeias. Eles examinaram também o comportamento de polinizadores em diferentes paisagens para determinar quando e onde plantar forragem suplementar poderia trazer um impacto mais positivo à nutrição e saúde dos animais.

Durante essas waggle dances, uma abelha retorna à colméia e comunica a distância e direção dela até a fonte de alimento, com múltiplos movimentos repetidos. Essas danças costumam acontecer somente quando abelhas detectam recursos alimentares tentadores, e a equipe passou meses analisando esses movimentos das abelhas sinalizadas para identificar padrões.

Combinando todos os dados coletados com estudos anteriores, os pesquisadores então elaboraram um codex para decifrar como abelhas se comunicam para coletar alimentos, compartilhando seu trabalho de maneira universal para outros cientistas. Estudos do tipo são essenciais para manter vivas as populações mundiais de abelhas, que estão em risco com as mudanças ambientais causadas pelo ser humano.

Pílula anticoncepcional masculina é segura

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Os primeiros ensaios clínicos com a droga experimental 11-beta-MNTDC se mostraram seguros para uso em humanos. Trata-se de um medicamento oral que pode vir a se tornar a primeira pílula anticoncepcional masculina do mercado.

A pílula combina duas atividades hormonais, diminuindo a produção de espermatozóides enquanto preserva a libido do indivíduo. Os testes foram feitos com 30 homens saudáveis que, durante 28 dias, tomaram uma dose diária (variando de baixa a alta) da substância, enquanto outros 10 receberam placebo. A substância é uma forma modificada de testosterona com características que bloqueiam a formação de espermatozóides enquanto balanceiam os hormônios.

Os participantes que tomaram a droga verdadeira demonstraram níveis reduzidos de dois hormônios necessários para a produção de espermatozóides, sem efeitos colaterais considerados graves ou preocupações clínicas significativas. A partir de agora, os estudos seguirão em andamento de acordo com as normas da indústria farmacêutica, e é possível que o medicamento chegue às farmácias dentro de 10 anos.

Primeiro exoplaneta detectado com o TESS

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O telescópio espacial TESS, sucessor do Kepler, acaba de viabilizar a descoberta de seu primeiro exoplaneta. O chamado TOI 197.01 é um "Saturno quente", com aproximadamente o mesmo tamanho de Saturno, mas orbitando sua estrela a uma distância muito próxima, fazendo com que ele complete uma órbita a cada 14 dias, apenas.

A estrela TOI-197 tem cerca de 5 bilhões de anos e é um pouco mais massiva do que o Sol. O TESS é equipado com quatro câmeras e é capaz de examinar uma área muito maior do céu do que o Kepler — estima-se que, dentro de dois anos, o TESS já terá vasculhado 85% do céu noturno que vemos daqui da Terra.

Índia, a nova potência espacial?

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Ao lançar um míssil para destruir um satélite na órbita da Terra, a Índia se autointitulou uma nova potência espacial, ao lado de EUA, Rússia e China. Contudo, a missão de abate do satélite, ainda que tenha sido uma conquista para os indianos, representa riscos para missões espaciais.

É que os detritos gerados pela explosão têm potencial de colidir contra espaçonaves e outros satélites, representando também riscos para a Estação Espacial Internacional. A própria NASA declarou ter detectado dezenas de pequenos pedaços que foram lançados para altitudes mais elevadas, e agora são um perigo à integridade física da estação, bem como à tripulação.

Contudo, a Índia garante que todos os pedaços do satélite destruído serão gradativamente atraídos pela gravidade da Terra, sendo totalmente queimados na reentrada na atmosfera. De qualquer maneira, fragmentos menores de 10 centímetros podem representar perigos para satélites que estão em funcionamento — e dos quais nossa sociedade depende bastante.

"Rex dos Rexes"

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Scotty é o nome de um esqueleto de tiranossauro encontrado em 1991, com 66 milhões de anos de idade. Agora, novas análises conduzidas por paleontólogos canadenses mostram que o T-Rex pode ser o "Rex dos Rexes", o maior já descoberto, sendo que ele pode ter pesado incríveis 8.800 quilos quando vivo.

Somente para escavar o fóssil, foram necessários 10 anos de trabalho contínuo e, agora, os cientistas conseguiram criar uma imagem "de cabo a rabo" de Scotty para imaginar melhor como ele teria sido há 66 milhões de anos. Além de ser provavelmente o maior tiranossauro já descoberto, Scotty é também o esqueleto mais antigo que já descobrimos, provavelmente tendo morrido com 30 e poucos anos.

E por falar em dinossauros…

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Pesquisadores creem terem descoberto a sequência de eventos que causaram a extinção dos dinossauros após o impacto de um asteroide onde, hoje, fica a Península de Yucatan, no México.

Os cientistas encontraram ali uma camada de solo que data da época em que os dinossauros desapareceram do planeta, contendo restos fossilizados de peixes, moluscos e até mesmo um tricerátops, além de cascas de madeira queimada e rochas conhecidas como tectitos, que são pedaços de vidro, na verdade. Nunca antes foi encontrada uma amostra tão grande de diferentes organismos da mesma época em um mesmo local, todas associadas à assinatura geológica conhecida como Nível K-Pg, ligada ao evento que marcou o fim do período Cretáceo.

Os pesquisadores, então, concluíram que tudo se iniciou, mesmo, com a queda do asteroide. Seu impacto teria criado enormes tsunamis e um tremor que poderia ser classificado como algo entre 10 e 11 da atual escala Richter. Então, a mistura dessas ondas com os tremores acabou criando um corpo de água com ondas estacionárias, o que teria causado a separação da América dos outros continentes.

Além disso, o impacto também teria jogado para a atmosfera uma quantidade massiva de rocha derretida, que acabaram se condensando em elevadas altitudes, gerando, então, os tectitos encontrados no local. Esses tectitos teriam causado uma "chuva de vidro" em todo o globo, e essa teoria é embasada pela alta presença de Irídio no local da escavação, além do fato de que alguns peixes fossilizados tinham tectitos em suas guelras.

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A partir daí, além do tsunami devastador, ondas sísmicas do impacto afetaram o meio ambiente em questão de minutos, e o ato final da destruição aconteceu quando os tectitos "choveram" na superfície, virando bolas de fogo com a reentrada na atmosfera, o que teria causado incêndios em todo o planeta, matando o restante das criaturas sobreviventes. Então, quem não morreu com o impacto do asteroide imediatamente, acabou morrendo com os tsunamis, com os tremores, com o fogo, ou ainda com a inalação prolongada de fumaça. Por fim, os últimos sobreviventes acabariam morrendo com a dificuldade de se encontrar fontes de alimentos, eliminadas nesse processo destruidor.