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Nascem na China os primeiros bebês com genética editada em laboratório

Por| 26 de Novembro de 2018 às 11h47

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(Ilustração: Sebastian Kaulitzki/Shutterstock)
(Ilustração: Sebastian Kaulitzki/Shutterstock)

Um par de bebês “editados” em laboratório nasceu na China: as gêmeas Nana e Lulu são, até onde se sabe, os primeiros humanos geneticamente alterados por pesquisadores, que utilizaram tecnologia de edição de genes para alteração do CCR5, gene que é atacado pelo vírus HIV, o agente causador da AIDS. O objetivo é de que as crianças desenvolvam imunidade contra a doença ao longo de suas vidas.

Segundo os dados da pesquisa, um grupo de pesquisadores da Universidade Sulista de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, liderados por Jiankui He, usou uma tecnologia conhecida como “tesouras moleculares CRISPR/Cas9”, que supostamente permite a alteração livre e quase irrestrita de genes do corpo humano. Descrevendo-a de forma grosseira, a tecnologia é quase literalmente um “Ctrl+C/Ctrl+V” de partes do DNA humano, permitindo que seções dele sejam trocadas conforme necessidade.

Um vídeo produzido e protagonizado pelo próprio He descreve os procedimentos da pesquisa, mas é válido ressaltar que as informações ainda não foram revisadas pela comunidade científica, tampouco publicadas em jornais e artigos globalmente reconhecidos. He também disse à imprensa que, por questões de segurança, o governo chinês manterá os nomes dos pais e informações das crianças em segredo.

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O que ele contou, porém, foi o processo que levou ao nascimento das crianças: o grupo de pesquisadores valeu-se do esperma e óvulo dos pais, gerando um embrião por meio do processo de fertilização in vitro (IVF) onde, enfim, foi conduzida a “edição” genética. Na sequência, o embrião foi reinserido no útero da mãe (codinome “Grace”), levando à gravidez e, posteriormente, ao nascimento das gêmeas Nana e Lulu.

O uso da tecnologia CRISPR vem sendo alvo de discussões acaloradas na comunidade científica, com pesquisadores se posicionando majoritariamente a favor de seu uso. Em 2016, a China recebeu apoio e embriões do Reino Unido para utilizar a tecnologia. O Japão fez o mesmo neste ano. Porém, a prática é proibida em países como Brasil, México, Canadá, entre outros. Já outros, como o já citado Reino Unido, permitem a pesquisa por meio da tecnologia, porém proíbem o seu uso clínico.

Um evento destinado à discussão da edição do genoma humano (“Second International Summit on Human Genome Editing”) está previsto para acontecer em território chinês em 27 de novembro. O anúncio do nascimento das gêmeas certamente deve trazer mais atenção aos tópicos debatidos na ocasião.

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Fonte: MIT Technology Review; Nature