Médicos se baseiam no Tinder para criar novo método de transplante de fígado
Por Fabiana Rolfini | 17 de Janeiro de 2017 às 12h35
Cirurgiões e pesquisadores de Melbourne, na Austrália, estão usando inteligência artificial para criar um sistema para transplantes de órgãos semelhante ao app de paquera Tinder. A novidade consiste em um algoritmo de aprendizagem de máquina que usa múltiplas características dos doadores e receptores para prever o resultado de um transplante.
Ao todo, o sistema avalia cerca de 25 características dos envolvidos, incluindo idade, gênero, tipo sanguíneo e a doença que motivou o transplante. Segundo Bob Jones, um dos médicos envolvidos na criação do sistema, o objetivo da tecnologia é reduzir as chances de rejeição em pacientes que passam por transplantes de fígado e por consequência o número de mortes.
A inteligência artificial foi treinada e, em seguida, utilizada para avaliar 75 casos de transplantes cujos resultados já eram conhecidos. Ao todo, ele foi capaz de acertar com 84% de precisão a incidência de problemas em até 30 dias após o transplante. Utilizando os métodos tradicionais, a precisão foi de apenas 68%.
O sistema está em fase inicial de pesquisa, mas um artigo acadêmico sobre ele já foi enviado a diversos periódicos, e ele em breve entrará em fase de testes com as devidas aprovações éticas.
Ressalvas
Apesar de inovador, Jeremy Chapman, um especialista em transplantes renais do hospital Westmead, da Austrália, considera que o método pode não ser tão universal quanto esperado. "Podem haver particularidades na maneira como realizam esses procedimentos [transplantes] em Sydney. Isso significa que o que funciona em Sydney pode não funcionar em Cincinnati", alertou.
Chapman também lembra que a compatibilidade perfeita é apenas um dos fatores a serem levados em conta na hora de criar pares doador-receptor. Outro fator importante é o melhor uso possível dos órgãos. Em outras palavras, seria melhor realizar dois transplantes com 80% de chance de dar certo do que realizar um com 100% e outro com 50%. Por esse motivo, o especialista acredita que uma ferramenta desse tipo deve ser usada para "informar a decisão, mas não para criar a decisão".
Fonte: Mashable