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Experimento nos EUA deixa hamsters extremamente agressivos sem querer

Por| Editado por Luciana Zaramela | 18 de Maio de 2022 às 16h11

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Reprodução/Bonnie Kittle/Unsplash
Reprodução/Bonnie Kittle/Unsplash

Cientistas da Georgia State University editaram os genes de hamsters em estudo de neurociência social, mas o resultado foi bem diferente do esperado: os bichos ficaram mais sociais, mas também muito mais agressivos, tornando os pequenos roedores em monstrinhos descontrolados. Um estudo sobre o caso foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

O método utilizado para fazer modificações genéticas nos hamsters foi o CRISPR-Cas9. A ideia era impedir que um caminho de sinais neuroquímicos fosse ativado nos animais, o receptor de vasopressina (Avpr1a), cuja função é regular o comportamento social em mamíferos. O resultado esperado era uma redução na agressividade e comunicação social — mas o obtido foi exatamente o contrário.

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Hamsters briguentos

Os hamsters que tiveram o receptor suprimido apresentaram níveis muito mais altos de comunicação social comparados com os pares intactos. Os níveis de agressividade, que aumentaram bastante nos roedores modificados geneticamente, também ignoraram as diferenças sexuais típicas no comportamento, ou seja, machos e fêmeas mostraram altos níveis de agressividade para com o mesmo sexo.

Cientistas sabem que a vasopressina aumenta o comportamento social ao agir em várias regiões do cérebro, mas comentam que o estudo demonstrou que o sistema não é tão conhecido como se pensava. É possível, então, que efeitos mais globais do receptor Avpr1a sejam inibitórios, como demonstrado pelos resultados contra-intuitivos dos experimentos. Será necessário, segundo eles, encarar as ações destes receptores por todo o circuito cerebral, não apenas em regiões específicas.

Os hamsters usados nos testes eram sírios, cuja importância em estudos de comportamento social, agressividade e comunicação vêm crescendo na ciência: eles são muito mais parecidos com humanos do que camundongos de laboratório, tendo uma organização social mais similar à nossa e respondem ao stress como nós, liberando o hormônio cortisol, assim como fazemos.

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Foi nessa espécie que se verificou o papel da vasopressina na socialização pela primeira vez. Utilizar o método CRISPR nos roedores foi um grande passo, dizem os cientistas, lembrando que o trabalho não foi fácil. O modelo utilizado na pesquisa pode ser traduzido para o entendimento do cérebro humano, segundo eles.

O entendimento dos circuitos neuronais envolvidos em comportamento social é importante para a saúde humana, e poderá ser usado para formular novos tratamentos para pacientes neuropsiquiátricos, englobando desordens do autismo à depressão, afirmam os pesquisadores.

Fonte: PNAS