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Cientistas estudam medusa imortal para desvendar segredos da vida eterna

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Agosto de 2022 às 19h25

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Windell Oskay/Flickr
Windell Oskay/Flickr

Cientistas espanhóis conseguiram estudar o DNA de uma medusa biologicamente imortal, uma água-viva que pode fazer seu corpo voltar a etapas mais juvenis e retornar à maturidade sexual. O objetivo da pesquisa é descobrir os segredos por trás dessa incomum imortalidade e, talvez, entender melhor o envelhecimento humano.

A estrela — ou melhor, medusa — da vez é a Turritopsis dohrnii, animal que, até recentemente, era chamado de Turritopsis nutricola e, como a mudança de nome já diz, confundia os cientistas. Assim como outras espécies do gênero, ela tem um ciclo de vida de duas partes: no primeiro, chamado estado de pólipo, se grudando ao fundo do mar e se alimentando de zooplâncton, ovas de peixe e o que mais passar por ali.

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Quando está bem alimentada, a T. dohrnii, então, se desenvolve até a maturidade sexual, em estado de medusa, quando nada pelos mares. Ao sofrer danos corporais ou mediante escassez de alimentos, o animal consegue retornar ao estado de pólipo ou larval. Outras águas-vivas não conseguem fazer isso após atingirem o estágio de maturidade sexual.

Águas-vivas e imortalidade

Para o estudo, publicado na última segunda-feira (29) na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), cientistas da Universidad de Oviedo compararam sequências genéticas da T. dohrnii com a de outra espécie, a Turritopsis rubra, tão próxima que se acreditava ser a mesma espécie até pouco tempo atrás. Essa "prima" da criatura imortal, no entanto, não consegue rejuvenescer.

No genoma da T. dohrnii, foram notadas variações que a tornam muito melhor em copiar e consertar sequências defeituosas de DNA. Além disso, a água-viva tem a capacidade de manter as extremidades dos cromossomos — chamados telômeros — com muita maestria. Em nós, humanos, e em outros animais, o comprimento dessa seção genômica diminui com a idade.

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Vale lembrar que, caso contraia doenças ou seja muito ferida, a T. dohrnii pode, sim, morrer. Caso não seja incomodada, no entanto, ela é biologicamente imortal. Em laboratório, cientistas japoneses conseguiram observar o ciclo biótico dos animais se repetir 11 vezes em 2 anos, mas, é claro, não é possível verificar laboratorialmente a imortalidade dos animais por questões práticas de tempo.

Fonte: PNAS