Cientistas cozinham como neandertais para entender hábitos alimentares
Por Nathan Vieira | •
Como os neandertais cozinhavam? Foi essa questão que serviu como ponto de partida para um estudo publicado na revista Frontiers no último dia 24. Saber mais sobre os hábitos alimentares ajuda a entender como eles prosperaram por centenas de milhares de anos em ambientes diversos. Por isso, os cientistas do Institut Català de Paleoecologia Humana i Evolució Social tentaram cozinhar como eles.
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No material, a equipe revela que pouco se sabe sobre as aves que os neandertais caçavam e como preparavam, porque é um processo que deixa poucos vestígios arqueológicos.
Ao testar métodos de preparação de alimentos que os neandertais poderiam ter usado, os pesquisadores tentaram descobrir quais vestígios eles poderiam deixar nos ossos e como esses vestígios se comparam a danos causados por processos naturais ou ações de outros animais.
A partir disso, os cientistas criaram um banco de dados que pode ser comparado a sítios arqueológicos reais.
Os pesquisadores limparam e secaram os ossos, depois os examinaram microscopicamente em busca de marcas de corte e queimaduras.
Eles também examinaram uma lasca de rocha sedimentar (sílex) usada para o preparo, em busca de evidências de desgaste.
Os especialistas perceberam que, enquanto os cortes usados para remover a carne das aves cruas não deixaram vestígios nos ossos, os cortes direcionados aos tendões deixaram marcas semelhantes às de aves encontradas em sítios arqueológicos.
Análise dos vestígios
O grupo percebeu que os ossos dos pássaros assados ficaram mais quebradiços: alguns tinham se quebrado e não puderam ser recuperados. Quase todos eles tinham queimaduras marrons ou pretas consistentes com exposição controlada ao calor.
O artigo também cita manchas pretas dentro de alguns ossos, sugerindo que o conteúdo da cavidade interna também tinha queimado. Essa evidência destaca como a preparação de alimentos neandertais poderia ter funcionado e o quão visível essa preparação pode ser no registro arqueológico, então os autores estão otimistas em relação a futuras descobertas.
Fonte: Frontiers