Brasil guarda registros do asteroide que dizimou os dinossauros da face da Terra
Por Patricia Gnipper | 01 de Agosto de 2017 às 13h11
Há 65 milhões de anos, um asteroide se chocou com a Terra e foi o responsável pelo fim da era dos dinossauros em nosso planeta, abrindo caminho para que os pequenos mamíferos se desenvolvessem, marcando a transição entre os períodos Cretáceo e Paleógeno. E, apesar de o asteroide ter caído na península de Yucatán, no México, há um pedaço do Brasil que guarda registros do acontecimento que mudou a vida terrestre para sempre.
Esse lugar fica em Pernambuco, especificamente no município de Paulista. Ali, a Mina Poty exibe em suas rochas algumas microesféculas, que são grãos de vidro microscópicos, juntamente com fragmentos de quartzo de impacto, produzidos pelo calor gerado no momento da colisão com o asteroide. Esses objetos foram lançados à atmosfera, caindo em algumas partes do planeta — e uma delas é a cidade de Paulista.
A área traz marcas geológicas desse período histórico da Terra e também apresenta resquícios do megatsunami causado pelo impacto do asteroide, que provocou ondas de 20 metros de altura a 112 km/h, alcançando o Nordeste brasileiro. Dada a relevância histórica da região, o sítio será preservado e terá abertura para visitação a partir de novembro.
A descoberta
O responsável por descobrir a preciosa região pernambucana foi o geólogo Gilberto Albertão, lá no início dos anos 1990, quando estava fazendo pesquisas para o seu mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto. Ele pretendia verificar se em alguma bacia sedimentar brasileira havia evidências físicas ou biológicas das extinções do período Cretáceo — e conseguiu.
Além de descobrir fósseis vertebrados marinhos, o geólogo também localizou anomalias químicas e físicas mostrando os resquícios do asteroide em questão. “O primeiro efeito do impacto foi um grande incêndio global, em função da chegada desse corpo. O atrito do asteroide gerou um superaquecimento. E em todas as áreas desse limite que são continentais existem evidências de anomalia de carbono”, explicou.
E Albertão seguiu estudando a região mesmo mais de duas décadas depois da conclusão de seu mestrado. Agora, a manutenção do local ficará a cargo da Votorantim Cimentos em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, que, por sua vez, será responsável por novos estudos que serão conduzidos por lá.
Fonte: UOL