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Rotina espacial | Comida, banho e desafios na hora de dormir

Por| 15 de Julho de 2013 às 06h20

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photocreo/Envato
photocreo/Envato

Acordar, tomar um banho, um café, sair para o trabalho, almoçar, ir ao shopping, jantar com amigos, ir ao banheiro, jogar futebol. Estas são algumas atividades comuns no dia a dia de qualquer pessoa, mas como isso fica quando se está a quilômetros de distância da atmosfera terrestre? Como uma espécie de cruzeiro intergaláctico, a vida na estação espacial possui diversas limitações e nem sempre é fácil adaptar a rotina à gravidade zero.

Você já imaginou como um astronauta faz xixi? E o banho, como a água do chuveiro cai em gravidade zero? Descubra como é a vida lá em cima e como a tecnologia adaptou algumas atividades rotineiras para o ambiente de microgravidade. A vida de astronauta é mais curiosa do que você poderia imaginar! A partir de hoje, você lê aqui no Canaltech uma série de 5 matérias sobre a realidade no espaço.

Hora do rango!

Qual é a sua comida favorita? Macarronada com almôndegas? Strogonoff? Arroz e feijão? Uma picanha mal passada? Seja ela qual for, é provável que já exista uma versão espacial dela – ou de algo que seja no mínimo parecido.

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No início das viagens espaciais, os alimentos eram todos desidratados e colocados em embalagens especiais, na forma de pó ou pasta. Para se alimentar, o astronauta deveria adicionar água ao pacote e consumir o alimento com a ajuda de um canudinho especial – afinal, ninguém queria um café da manhã flutuando na nave, certo?

Hoje as coisas mudaram um pouco e, apesar de ainda ser servida em embalagens especiais e bem lacradas, a comida espacial se parece um pouco mais com aquela que consumimos aqui na Terra – até frutas frescas podem ser degustadas nos primeiros dias da missão.

Cardápio variado

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Cerca de cinco meses antes de partirem em missão, os astronautas selecionam alguns dos alimentos de que gostam. Todos os itens são processados e embalados para que durem a viagem inteira e para que possam ser consumidos com segurança. Há ainda o acompanhamento nutricional e o cardápio sugerido, que garante ao organismo do astronauta todos os nutrientes necessários para permanecer saudável ao longo dos dias que ficar no espaço.

Devido à microgravidade, dá-se preferência a alimentos mais grudentos, como mingau de aveia, ovos mexidos e pudins. Itens como pães são deixados de lado por formarem migalhas, que provavelmente ficarão flutuando pela cabine. O sal, por exemplo, precisa ser dissolvido em água e a pimenta em óleo antes de serem usados na comida.

Tortilla no espaço com a astronauta Sandra Magnus. Fonte: Reprodução/Amusing Planet

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As bebidas, em sua maioria, são reidratáveis. Isso significa que o astronauta ainda precisa adicionar água ao pó para consumi-las. Itens como carnes, por exemplo, recebem um certo nível de radiação e são congelados para não se deteriorarem e podem ser preparados em um forno especial na cozinha da nave.

O ambiente de microgravidade afeta a forma como o astronauta percebe o gosto e o cheiro. Assim, para estimular as papilas gustativas, é comum que os alimentos consumidos no espaço sejam bastante apimentados e carregados de tempero.

Durante as refeições, os alimentos ficam presos a uma bandeja que, por sua vez, é amarrada ao corpo do astronauta ou à parede, de forma que as embalagens não flutuem durante o jantar. Mas nem tudo é na base do canudinho: os astronautas usam garfos e facas normalmente, bem como uma tesoura para abrir os pacotes.

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Bandeja usada na década de 70 é similar ao modelo atual. Fonte: Reprodução/Space.com

Tomando banho

Se você acha que pegar ônibus no fim da tarde nem sempre é uma experiência muito agradável em termos olfativos, no ônibus espacial não é muito diferente. Imagine cinco ou sete astronautas dividindo o pequeno espaço da nave, suando mais que o normal (devido à microgravidade) e sem poder trocar de roupa todos os dias (não há máquina de lavar)?

A higiene no espaço é complicada, não só devido à mudança de gravidade mas também ao abastecimento de água. Portanto, tomar um bom banho quente acaba sendo um privilégio da Terra. Lá em cima, há duas opções: ou são usadas toalhas descartáveis de higiene, uma espécie de lenço umedecido, ou o astronauta entra dentro de um cilindro de plástico e uma mangueira especial espirra água em seu corpo. Lava-se com shampoo especial e se seca usando uma espécie de aspirador.

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O astronauta troca de camiseta e meias a cada dois dias e de calça uma vez por semana. Sem varal ou tanque, essas roupas são descartáveis e, assim que forem trocadas, são imediatamente jogadas fora. Cada integrante da tripulação leva a bordo um kit higiene com direito a escova de dentes, fio dental, aparelho de barbear e pente. No caso de escovar os dentes, é possível engolir a pasta e beber água para remover o resíduo ou cuspir em uma toalha de higiene.

Apesar das tentativas de se manter limpinho lá em cima, não são poucos os relatos de que o ônibus espacial no fim da tarde muito se parece com a versão Terráquea...

Banheiro: número um e número dois

“De onde veio aquilo? Me dê um guardanapo, rápido. Tem um cocô flutuando pelo ar.” Esta frase foi dita por um dos astronautas que estavam a bordo da Apollo 10, em 1969. Pois é, ao que parece, nem nessas horas a microgravidade perdoa. Mas como os astronautas vão ao banheiro sem que esse tipo de acidente aconteça?

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Semelhante às privadas terrestres, os vasos sanitários espaciais são feitos para se sentar. Ao contrário do reservatório com água, no entanto, existe um sistema de vácuo e sacolas plásticas que recebem as fezes e a urina e que são automaticamente descartadas em um tanque.

Na hora de urinar, uma espécie de funil é colocado na ponta de um “aspirador” - há formatos diferenciados para homens e mulheres – e é possível se aliviar normalmente, já que o líquido é sugado e descartado no espaço. Entretanto, a arte de fazer o “numero dois” é um pouco mais complicada lá em cima. Segundo um vídeo da própria NASA, o astronauta precisa estar alinhado ao assento para que tudo funcione corretamente.

O buraco do vaso sanitário possui apenas 10 cm de diâmetro, o que torna um pouco mais complicada a tarefa de se acertar o alvo. Para isso, há na frente da privada um monitor de vídeo conectado a uma câmera que, sim, está naquele buraco. Dessa forma o astronauta pode verificar seu posicionamento e evitar dejetos flutuantes. Ainda de acordo com a NASA, todos os resíduos sólidos são armazenados em um tanque e descartados em Terra.

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Dormir ou flutuar?

Depois de muito trabalho e exercícios físicos para manter os músculos, os astronautas também ficam cansados. Mas se você acha que eles precisam de travesseiros e cobertores para dormir, está muito enganado: a microgravidade faz o trabalho de segurar o corpo e a cabeça do astronauta, sendo necessário apenas prendê-lo a uma parede.

Nas naves e na Estação Espacial existem pequenas cabines com sacos de dormir presos à parede. Assim, o astronauta só precisa entrar dentro dele e relaxar. Em média, gasta-se de oito a dez horas dormindo, tempo suficiente para manter o astronauta saudável e alerta.

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E então, depois de descobrir alguns segredos da vida de astronauta, você ainda iria a uma viagem espacial?

Leia também: Quais os impactos da microgravidade no corpo humano?

Fonte: Reprodução/Canadian Space Agency