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O cérebro não é computável, diz neurocientista

Por| 25 de Fevereiro de 2013 às 07h35

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O cérebro não é computável, diz neurocientista
O cérebro não é computável, diz neurocientista

Muito tem se falado a respeito de supercomputadores capazes de simular o funcionamento do cérebro humano, e até mesmo de máquinas mais complexas capazes de hackear e acessar as partes mais secretas desse órgão tão complexo. Mas nem todos os estudiosos acreditam que isso seja possível.

Para o brasileiro Miguel Nicolelis, neurocientista renomado da Universidade de Duke, os computadores nunca serão capazes de replicar o cérebro humano e sua singularidade tecnológica. "O cérebro não é computável e a engenharia não é capaz de reproduzi-lo", disse Miguel ao TechnologyReview. O paulistano é autor de vários trabalhos pioneiros sobre interfaces cérebro-máquina.

Em oposição a essa ideia está a chamada 'Singularidade', defendida pelo futurista Ray Kurzweil, recentemente contratado pelo Google como diretor de engenharia. Basicamente, a singularidade tecnológica acontece quando computadores desenvolvem sua própria inteligência.

Ray ainda vai além da ideia de que a inteligência das máquinas pode exceder a do ser humano, e diz que futuramente as pessoas serão capazes até mesmo de realizar o download de seus pensamentos e memórias em seus computadores.

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Durante a Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), que aconteceu em Boston no último domingo (17), Miguel disse que essa história de downloads é um completo disparate, e que isso nunca vai acontecer. "Existem muitas pessoas que vendem a ideia de que você pode imitar o cérebro com um computador", disse o brasileiro.

Afinal, o cérebro é um tipo de computador?

Esse é um debate que perdura há décadas. Os cientistas se dividem entre aqueles que acham possível, em teoria, que um computador compreenda exatamente como o cérebro funciona e aqueles que acreditam na consciência humana como o grande diferencial.

Ray acredita que "o fato de que ele [o cérebro] contém muitos bilhões de células e trilhões de conexões não o faz necessariamente o principal método complexo". Já Miguel acredita que suas características mais importantes são resultados de interações não lineares entre esses bilhões de células, que causam resultados imprevisíveis.

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"Você não pode prever se o mercado de ações vai subir ou descer, porque você não pode calcular isso", diz ele. "Você pode ter todos os chips de computador do mundo e você não vai conseguir criar uma consciência."

Mas em uma coisa os dois cientistas concordam: cada vez mais os seres humanos serão subordinados às máquinas.