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Joias ou instrumentos? O uso de diamantes além do ornamento

Por| 20 de Maio de 2014 às 08h27

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Joias ou instrumentos? O uso de diamantes além do ornamento
Joias ou instrumentos? O uso de diamantes além do ornamento

Quanto vale um diamante? A pergunta que se faz quase retórica, se levada em conta a “invenção” do diamante na cultura humana enquanto adorno de elevada estima e os outros usos que hoje se faz do mineral. Muito tempo se passou desde que os poucos pontos de extração de séculos passados (como Índia e Brasil colonial, por exemplo) faziam da gema um item bastante raro. Além do fator cronológico, deve-se levar em conta o avanço tecnológico e as possibilidades trazidas pelo mineral que passou a ser utilizado para os mais variados fins que não o joalheiro.

Nas últimas décadas, a dureza do diamante despertou o interesse no uso industrial do mineral que atualmente já vem sendo aplicado a diferentes finalidades, tais como tratamento de água, microeletrônica, próteses ósseas, telas de LCD, ferramentas de corte e perfuração, células solares, dentre outras. Pela variedade de aplicações do diamante, fica difícil ponderar o valor da pedra a partir do momento em que ele passa a ser relativo.

Na natureza, o diamante é formado por carbono em grandes profundidades, 150 Km abaixo da superfície terrestre, e a temperaturas superiores a 1.500 graus centígrados, chegando à superfície por meio de emanações vulcânicas específicas. No entanto, o aumento da demanda pelo diamante para uso industrial viabilizou o desenvolvimento de diferentes técnicas de produção do mineral, como o de formação de filmes ou películas de diamantes por deposição utilizando vapor - método que vem sendo desenvolvido para utilização em telas de celulares - e a reprodução em laboratório de altas pressões e temperaturas, sendo este último o mais utilizado.

As propriedades gerais do diamante sintetizado são muito semelhantes aos naturais, o que garante sua utilização aos mais variados fins. “A fabricação de diamantes sintéticos visa determinadas utilizações, com isto a produção é voltada para as necessidades da indústria que os utiliza. Geralmente para produtos abrasivos, brocas e coroas de perfuração, a qualidade final como transparência e cor não são importantes, somente a dureza”, explica Nelson Chodur, geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná.

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Para a utilização como joias, os diamantes são escalonados de acordo com as propriedades de cor, pureza, peso e lapidação, fatores conhecidos como a regra dos quatro “Cs” - Color, Clarity, Carat e Cut. “De acordo com as tabelas internacionais de avaliação, os diamantes incolores, isentos de impurezas, de maior peso e com lapidação brilhante bem feita são os mais valiosos por serem mais raros”, complementa o professor.

Os diamantes sintéticos já ganharam espaço até mesmo no mercado joalheiro. No Brasil, existe a possibilidade de confecção de diamantes a partir do carbono presente no cabelo humano, bem como em pelos de animais de estimação. Dessa forma, abriu-se o caminho para a criação de diamantes que agregam o apelo emocional ao mineral.

“Diferentemente de um diamante da natureza, de joalheria, os nossos diamantes tem uma simbologia por serem únicos, por terem sido produzidos a partir de um cabelo humano – pais, filho, noiva, dentre outros. Nosso valor não é apenas comercial, nós contamos o valor de emoção, celebração, homenagem. Temos casais celebrando bodas, filhos presenteando pais, netos, enfim, é muito mais do que pedras de joalheria”, afirma Carlos Pacheco, diretor da empresa Brilho Infinito que desde 2010 atua neste mercado.

Como na natureza, os diamantes sintetizados possuem variação de cor, podendo ser fabricados em azul, amarelo e o clássico incolor. “Nossos diamantes foram submetidos a testes em diversos laboratórios, inclusive ao laboratório do Instituto Brasileiro de Geologia e Mineralogia, e comprovadamente é um diamante com as mesmas características físicas, químicas e óticas”, acrescenta.

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Diamantes sintetizados pela tecnologia de alta temperatura e alta pressão pela Brilho Infinito / Fonte: Brilho Infinito

Diamantes (não) são para sempre

É fato que a dureza do diamante é a maior entre as substâncias minerais. No entanto, o senso comum de que diamantes são para sempre é, em partes, um mito. “Dureza em mineralogia é a propriedade de um mineral riscar ou ser riscado, o que não deve ser confundido com a resistência ao choque mecânico ou com um golpe de um martelo – com isto o diamante será fragmentado pela sua baixa tenacidade”, explica Chodur. Dessa forma, sendo o mineral mais duro, um diamante só poderia ser riscado pelo próprio diamante, mas ele pode quebrar. A poesia e encanto acerca do mineral, portanto, precisam ser jogados fora.

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“O diamante é insolúvel em ácidos comuns, o que caracteriza sua durabilidade infinita do ponto de vista do tempo humano”, finaliza. A menos que sofra um choque mecânico, um diamante bem lapidado vai ser encantador por muito tempo.