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Câmera de painel registra carro da Tesla dirigindo em cima da faixa — de novo

Por| 22 de Março de 2019 às 14h04

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Divulgação/Tesla
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Um usuário do Reddit que atende pelo nome de “Beastpilot” publicou no fórum um vídeo mostrando uma suposta falha no sistema de piloto automático do seu carro, um Model 3, da Tesla. Depois de meses funcionando corretamente, o automóvel, quando em modo automático de direção, parece puxar para a esquerda, em direção à divisória de faixas de uma via específica de mão dupla em Seattle.

O proprietário do veículo, em entrevista ao Ars Technica, comentou que essa não é a primeira, mas sim a terceira ou quarta vez que isso lhe acontece: antes de comprar o Model 3, “Beastpilot” tinha outro veículo — um Model X, também da Tesla. A falha parece acontecer sempre na mesma região, mas em todos os relatos de defeito feitos por ele à Tesla, ainda que a empresa não lhe respondesse diretamente, dias depois um pop-up sugerindo uma atualização de sistema (prontamente aceita pelo usuário) parecia resolver a situação.

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Parecia, haja vista que, após alguns meses, os veículos voltavam a apresentar os mesmos problemas. “Beastpilot” se mostra particularmente incomodado com isso, pois, dias antes do seu caso mais recente, o motorista Walter Huang morreu em um acidente automobilístico após seu Model X “puxar para a esquerda” e chocar-se contra uma faixa de concreto em relevo, em Mountain View, Califórnia.

"O comportamento do sistema muda drasticamente entre as atualizações de software”, disse o usuário ao Ars Technica. “Isso torna o sistema muito perigoso. A natureza humana rege que, se algo funcionou bem 100 vezes, vai funcionar bem 101 vezes. Isso pode atrair as pessoas a uma falsa sensação de segurança, com consequências potencialmente mortais”.

O caso de “Beastpilot” é uma anedota que pode trazer novas pistas ao acidente que matou Walter Huang: especialistas forenses determinaram que o seu automóvel “viu” o divisor de concreto, mas o interpretou como uma faixa desocupada, não apenas dirigindo-se a ela, mas acelerando de 100 km/h para 112 km/h. Em ambos os casos, a região onde as falhas ocorreram são áreas de rodovia.

A família de Huang disse que ele apresentou queixa à Tesla sobre esse assunto, diversas vezes. A empresa alega não ter encontrado registros de tais reclamações. “Beastpilot” sugere que o problema esteja nas atualizações sucessivas de sistema: a sua teoria é a de que, após reclamações de Huang, a Tesla tenha atualizado o software, resolvendo o problema. Uma atualização posterior a essa, porém, o trouxe de volta.

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Inteligência artificial vs simulação realista

O sistema de piloto automático dos automóveis da Tesla é construído por meio de uma rede neural desenvolvida do zero pela fabricante automotiva. Isso, segundo o Ars Technica, dificulta as capacidades de teste do software, pois — e isso é um problema geral do conceito de “carros autodirigíveis” — ninguém sabe exatamente como predeterminar o comportamento de tais redes.

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Competidores da Tesla no setor, porém, desenvolveram métodos mais voltados à simulação em locais reais, como é o caso da Waymo, que faz uso de sensores para que seus automóveis “vejam” e evitem potenciais obstáculos em uma via. Os carros da Tesla não contam com isso.

Outra coisa que os carros da Tesla não tem: a tecnologia conhecida como “lidar”. Lidars criam “nuvens” de navegação que auxiliam um sistema a mapear o mundo à sua volta em três dimensões altamente precisas. Na empresa chefiada por Elon Musk, porém, a navegação é “enxergada” por radares e câmeras que não atuam no espectro 3D.

Mais além, os veículos da Waymo retornam às garagens de propriedade da empresa após cada corrida. Apesar da empresa não declarar o que ocorre uma vez que um veículo retorna, é seguro especular que os dados de navegação sejam despejados nos servidores, que usam essas informações para criar novos e novos cenários, amplificando a capacidade de leitura dos veículos.

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“Beastpilot” explica que a Tesla possui um sistema similar, fazendo o dump de informações de navegação por meio das conexões móveis ou do Wi-Fi de seus consumidores. Mas o internauta diz que monitora o seu próprio uso, chamando-o de “modesto”: mesmo após muitas e muitas milhas de viagem, o arquivo com os dados não passa de algumas centenas de megabytes. É possível que a Tesla não tenha um arcabouço tecnológico forte o suficiente para processar um alto volume de dados.

A montadora não respondeu aos pedidos de comentários nem exibiu qualquer comunicado na mídia.

Fonte: Ars Technica; Reddit (1) (2)