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Uber é responsabilizada por atropelamento com carro autônomo, mas não sozinha

Por| 20 de Novembro de 2019 às 11h42

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O relatório final do governo dos Estados Unidos sobre o atropelamento de Elaine Herzberg, em março de 2018, concluiu que a Uber é, sim, culpada pela morte, mas não apenas ela. No texto, apresentado por investigadores do Órgão Nacional de Segurança dos Transportes, a empresa de transportes é citada como responsável devido a uma cultura de segurança falha, mas a própria vítima e também o governo do estado do Arizona, onde aconteceu o acidente, são elencados como participantes.

Para os investigadores, seis fatores contribuíram para a morte de Herzberg, de 49 anos, que foi atropelada por um carro autônomo da Uber ao atravessar uma via da cidade de Tempe fora da faixa de pedestres. Quatro destes são de responsabilidade da empresa de transportes, que não possuía procedimentos de segurança e mitigação de risco em vigor para lidar com situações desse tipo.

A motorista, Rafaela Vasquez, também é citada. De acordo com o relatório, ela teria passado 34% do tempo como condutora do veículo autônomo usando o celular e estava assistindo a um reality show no momento do acidente. Imagens do circuito interno do veículo, liberadas como parte da investigação, mostram a condutora olhando para baixo e voltando a prestar atenção na pista apenas um segundo antes da colisão, quando já era tarde demais.

O Órgão também criticou a Uber pelo que afirmou ser um monitoramento ineficaz de condutores, pois, mesmo com a presença de câmeras, não havia garantias de que eles não romperiam as normas de segurança. Os testes com carros autônomos nos EUA exigem a presença de um motorista humano, que deve permanecer vigilante e atento ao volante durante todo o percurso, justamente para evitar acidentes.

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Isso se deve ao que os investigadores chamaram de complacência, com a empresa confiando demais na automação e deixando questões de segurança de lado. A ausência de gerentes de segurança ou pessoal responsável por lidar com acidentes no momento da colisão também seria um indício de que a Uber teria plena confiança na direção autônoma, acima das capacidades do próprio sistema, que não saberia lidar corretamente com pedestres invadindo a pista.

Além disso, o departamento de trânsito citou políticas insuficientes do próprio estado do Arizona, onde fica a cidade de Tempe, como facilitadores do acidente. A falta de regulações rígidas para o uso de carros autônomos em ruas públicas levou a muitas das atitudes irregulares tomadas pela Uber, com uma legislação e monitoramento mais eficazes aparecendo nas esferas locais e federais apenas após a morte, em março do ano passado.

Entretanto, as ações de Herzberg também colaboraram para o acidente. Além de ter atravessado fora da faixa, mas apenas a metros dela, a autópsia encontrou traços de metanfetamina no sangue da vítima. Ela chegou a ser socorrida e levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Essa confluência de responsabilidades não deve resultar em um processo criminal contra a Uber. Todo o caso vem sendo tratado como acidente e os procuradores já afirmaram que não vão registrar queixa contra a companhia. Entretanto, um possível indiciamento da motorista ainda não foi confirmado e pode vir pelas mãos do governo do Arizona.

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Enquanto isso, normas mais rígidas para o uso de carros autônomos já estão em vigor. Em comunicado, a empresa disse ter colaborado com as investigações e lamentou a morte de Herzberg, afirmando continuar a aumentar o nível de segurança dos testes com os veículos que se dirigem sozinhos. Eles já foram retomados após uma interrupção de meses, que envolveu também a perda de licenças pela Uber para realização dos experimentos, com posterior recuperação.

Fonte: The Verge