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TikTok anuncia moderadores ocidentais e enfrenta novas acusações de censura

Por| 16 de Março de 2020 às 14h30

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Polêmicas envolvendo o TikTok parecem surgir ao menos uma vez por semana. A rede social tem mostrado crescimento gigantesco e foi a mais baixada nas lojas oficiais do Android e iOS, batendo quase todos os aplicativos do Facebook em 2019 - chegando a ultrapassar o WhatsApp na Play Store em janeiro. Por outro lado, a Bytedance, companhia dona do app, enfrenta diversas acusações de censura na plataforma.

No final do ano passado, uma reportagem mostrava documentos oficiais da companhia com algumas regras passadas aos moderadores da ferramenta. Somado a isso, um dos principais problemas apontados ainda é o envio de dados pessoais dos usuários para a China. Agora, segundo uma nova reportagem do The Intercept, moderadores da plataforma seriam instruídos a censurar publicações com mensagens políticas, além de reduzir o alcance de vídeos “pouco atraentes”.

O porta-voz da empresa, Josh Gartner, garante que essas orientações “ou não estão mais em uso, ou, em alguns casos, nunca foram utilizadas”. No entanto, ele considerou que seriam as mesmas mostradas pelo site alemão Netzpolitik, em dezembro. O The Intercept diz que há diferenças entre os documentos, e que diretrizes como reduzir alcance de publicações de usuários pouco atraentes não estavam presentes nas orientações obtidas pela publicação alemã.

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Uma das soluções do TikTok para conter as críticas, bem como para atender novas exigências de vários países, é contratar moderadores de fora da China. A companhia também anunciou a criação de um centro de transparência nos EUA, que qualquer pessoa poderá visitar para ver como funciona a moderação do conteúdo na plataforma. A ideia, segundo o app, é mostrar que não há censura política e nem influência do governo chinês no funcionamento da aplicação.

Redução do alcance de conteúdo pouco atraente

No documento obtido pelo The Intercept, as recomendações aos moderadores são claras: suprimir o alcance de usuários que tenham aparência fora do comum, como “forma corporal anormal”, “aparência facial feia”, “barriga de cerveja óbvia”, “muitas rugas”, “problemas nos olhos” e várias outras características consideradas “de baixa qualidade”. Esses vídeos deveriam ser deixados de fora da indicação do algoritmo, ou seja, não deveriam aparecer na página principal.

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Detalhes do cenário também deveriam ser verificados com atenção, para evitar gravações com “características não óbvias de favelas”, incluindo questões como “paredes descascadas” ou decoração de mau gosto.

A justificativa oficial era de garantir que novos usuários fossem atraídos para a plataforma. O documento considera que falhas no cenário ou usuário pouco atraente reduz a taxa de retenção. Contudo, os criadores de conteúdo não ficam sabendo das regras com detalhes.

O documento também mostra que as transmissões ao vivo eram observadas e, dependendo do conteúdo, censuradas. Ou seja, há - ou, ao menos, havia - um controle bastante rígido do conteúdo no TikTok. O porta-voz da empresa diz que as diretrizes atuais não levam mais em conta as sugestões descritas nessa documentação, mas não entra em detalhes sobre quais recomendações já foram descartadas e que tipo de diretriz está em vigor atualmente.

Redução da presença na China

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Uma das soluções da Bytedance para reduzir o volume de reclamações de governos, concorrentes e afins sobre uma suposta interferência estatal chinesa na plataforma foi anunciar um novo centro de transparência nos Estados Unidos e trocar os moderadores, até hoje concentrados na China, por pessoas mais relacionadas à cultura ocidental. Cerca de 100 moderadores baseados naquele país terão que encontrar outra função dentro da empresa ou serão desligados, segundo o Wall Street Journal.

A medida visa mostrar que a empresa não sofre interferência do governo autoritário chinês, que censura qualquer manifestação política contrária a seus interesses, mas também serve para aproximar mais os moderadores da cultura de seus usuários. Um relatório da companhia, no entanto, mostra que os americanos fazem mais pedidos de censura a conteúdo na plataforma do que os chineses.

Se vai funcionar, é algo que só saberemos nos próximos meses. Moderadores ocidentais devem começar a trabalhar com o conteúdo do TikTok nas próximas semanas. Nossa equipe entrou em contato com o TikTok no Brasil e a empresa retornou com duas notas. Sobre a reportagem do Intercept:

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“As políticas mencionadas são as mesmas ou semelhantes às publicadas pelo Netzpolitik no final do ano passado e, como dissemos ao Netzpolitik naquele momento, elas representavam uma tentativa incisiva de impedir o bullying. Reconhecemos que essa não foi a abordagem correta e a encerramos. Como dissemos ao The Guardian e ao Netzpolitik quando publicaram sobre o assunto no ano passado, as diretrizes publicadas pelo The Intercept não são mais usadas e já estavam fora de uso quando o The Intercept as acessou. Mas é correto que, para as transmissões ao vivo, o TikTok é particularmente cuidadoso a manter conteúdos de conotação sexual fora da plataforma.” - nota oficial do TikTok.

Já sobre a mudança de moderadores, a empresa deu a entender que pretende contratar resposnáveis pela análise do conteúdo em cada mercado em que possui atuação.

"Esperamos concluir a transferência de nosso suporte de Confiança e Segurança para equipes locais, nos mercados que operamos, dentro de algumas semanas. Também estamos trabalhando para encontrar vagas de emprego dentro da empresa para os funcionários da China que serão realocados, estas equipes ajudaram principalmente com o monitoramento noturno para algumas regiões fora dos EUA."

E aí, você acha que essa mudança resolveria esse problema, ou também existe um lobby forte contra o TikTok por não ser uma empresa de origem norte-americana? Conta pra gente nos comentários.

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Fonte: Intercept, Wall Street Journal