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Sob ordens do parlamento, Apple anexa Crimeia à Rússia no Mapas

Por| 27 de Novembro de 2019 às 20h00

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Já parou para imaginar nas questões geopolíticas e simbólicas envolvidas na construção de mapas? Pelo menos, o governo russo não conseguia parar de pensar no assunto até a Apple ceder, cumprindo exigências russas, sobre a posse da península da Crimeia. Agora, o app de geolocalização da empresa da maçã, o Apple Mapas, e o de previsão de tempo, o Tempo, mostra a região da Crimeia anexada como parte do território russo nos aparelhos locais.

Para entender a disputa, é preciso lembrar que a Rússia anexou a região da Crimeia, pertencente à Ucrânia, em março de 2014, com ajuda de grupos armados. Na época, os russos receberam críticas internacionais pela atuação, principalmente dos Estados Unidos, a União Europeia e seus aliados.

Recente, a perda da Crimeia é um assunto muito delicado para os ucranianos. Hoje, a Ucrânia e um grupo de países aliados acusam a Rússia de enviar suas tropas para a região e armar grupos separatistas, causando a separação forçada. Diante das alegações, Moscou nega envolvimento, mas diz que voluntários russos ajudaram os rebeldes. Durante o conflito, mais de 13.000 pessoas foram mortas.

Agora, a região — onde a maioria de seus falam russo — é mostrada como território russo nos apps da Apple, mas somente quando visto da Rússia (incluindo a Crimeia).

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Disputa no Parlamento

A notícia foi dada em comunicado do parlamento russo, onde afirmam que "a Crimeia e Sebastopol [cidade autônoma], agora, aparecem nos dispositivos da Apple como território russo". Vale dizer, que a inclusão da cidade na mensagem se deve ao fato da Rússia sempre ter tratado o território autônomo como uma região a parte.

Os membros do parlamento alegavam que a Apple descrevia com "imprecisão" a forma como a Crimeia estava rotulada. Desde então, o país e a companhia americana estavam em negociações e, em um primeiro momento, a gigante da tecnologia sugeriu que poderia mostrar a Crimeia como território indefinido — nem parte da Rússia, nem da Ucrânia.

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Mas Vasily Piskaryov, presidente de comitê de segurança e anticorrupção do parlamento, defendeu o seu posicionamento e que com ele a Apple cumpriria a constituição russa. Durante discurso, o político disse também que os representantes da empresa foram lembrados de que rotular a Crimeia como parte do território ucraniano era uma ofensa criminal sob a lei russa, segundo a agência de notícias local.

"Não há como voltar atrás", disse Piskaryov. "Hoje, com a Apple, a situação está encerrada — recebemos tudo o que queríamos." O político ainda afirmou que a Rússia está aberta ao "diálogo e cooperação construtiva com empresas estrangeiras".

Por enquanto, Apple ainda não comentou a decisão. No entanto, esses mesmos aplicativos não o mostram a informação exigida pelo parlamento da Rússia, em mais nenhum país. Segundo testes da BBC, a mudança só afeta os dispositivos configurados para usar a Rússia como local. A equipe do CT também testou o app no Brasil e a Crimeia aparece não associada a nenhum dos dois países.

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Google Maps 

De olho nas exigências russas, foi testado também o Google Maps, serviço de geolocalização e mapas do Google. Até agora, o app não mostra a Crimeia como pertencente à Rússia ou à Ucrânia em seus mapas. Contudo, ele usa a grafia russa dos nomes de lugares da Crimeia, em vez da grafia ucraniana, em seus mapas na Rússia.

Mas, em 2016, foi a vez do Google Maps ser alvos de protestos por causa de questões geopolíticas, mais especificamente pelo seu posicionamento em relação aos conflitos entre Israel e Palestina. Na época, usuários descobriram que a região da Palestina não estava descrita nos mapas do Google, onde aparecia apenas Israel. Vale avisar que até hoje continua assim.

Fonte: BBC News