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Nexus 5 no Brasil por R$ 1.799: tem algo errado nessa história

Por| 28 de Janeiro de 2014 às 16h06

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Nexus 5 no Brasil por R$ 1.799: tem algo errado nessa história
Nexus 5 no Brasil por R$ 1.799: tem algo errado nessa história

Em mais um episódio brasileiro de preços completamente sem sentido, temos o Nexus 5 anunciado oficialmente por R$ 1.799. Comparado a alguns dos lançamentos do último ano, como o Galaxy S4 por R$ 2.499, Xperia Z1 por R$ 2.599 e Galaxy Note III por R$ 2.899, não parece tão assustador, mas, assim como o PlayStation 4 por R$ 3.999 (que por sinal, hoje já pode ser encontrado por menos de R$ 2.200 sem grandes pesquisas), esse caso merece uma análise mais cuidadosa.

Em primeiro lugar, algumas lojas, em especial as da rede B2W (Submarino, Shoptime e Americanas) anunciaram a pré-venda do Nexus 5 por R$ 2.799. Isso mesmo, o mesmo preço do iPhone 5s, que estatisticamente é o iPhone mais caro do mundo. Como se nada tivesse acontecido, as lojas alteraram o preço para os R$ 1.799, preço "sugerido" e, quando questionadas, disseram que foi um erro. Talvez seja isso, mas provavelmente é resultado das críticas que apareceram nas redes sociais, algumas bastante revoltadas.

O interessante é que o "erro" nunca é para menos. Temos então o preço oficial, mais barato do que boa parte dos modelos topo de linha disponíveis atualmente, e certamente uma boa notícia para quem cansou de ver alguns deles mais caros do que computadores de excelente configuração. Porém, ainda temos uma anomalia aqui. A linha Nexus, que inclui tanto tablets como smartphones, é conhecida por seus modelos que oferecem o melhor custo-benefício pelo valor investido.

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O preço oficial do Nexus 5 nos Estados Unidos é de US$ 349 para o modelo de 16 GB na Play Store, sem contrato nem nada, e os preços que o Google coloca em seus produtos costumam deixar os fabricantes em sérios problemas. Afinal, por que pagar o dobro em um Samsung, LG ou Sony por praticamente os mesmos recursos e com versões desatualizadas do Android? Isso impediria esses fabricantes de superfaturar (demais) os preços de seus modelos topo de linha.

É inegável que o subsídio do Google faça com que seus modelos sejam difíceis de competir, afinal a empresa ganha muito mais com a venda de apps do que com equipamentos. É um subsídio que, por sinal, a companhia não oferece no Brasil. Recebemos um comunicado do próprio Google dizendo que o preço e a distribuição do Nexus 5 são de pura responsabilidade da LG, que fabrica o aparelho, em situação semelhante à que aconteceu com o Nexus 4.

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Tudo bem que o Brasil é incapaz – verdade seja dita, completamente incapaz – de ter a competição agressiva de preços de qualquer outro país, tanto pelo lado dos impostos quanto pelo Custo Brasil e Lucro Brasil, mas é importante tirarmos esse subsídio da conta, já que ele não está presente por aqui. Porém, o preço sugerido não tem nada a ver com ausência de subsídio ou não, mas sim com a postura extremamente confusa da LG com seu modelo top de linha e o Nexus.

Assim como o Nexus 4 é um Optimus G, com basicamente o mesmo hardware e especificações, o Nexus 5 é um Optimus G2. Processador Snapdragon 800, 2 GB de memória RAM, tela Full HD com True HD IPS+, e vários outros itens são idênticos nos dois, e a diferença fica por conta do tamanho de tela (5,2 polegadas no G2 vs 5,0 polegadas no Nexus 5) e da câmera, que é a mesma, mas com diferentes quantidades de megapixels (13 megapixels no G2 vs 8 megapixels no Nexus 5). No final das contas, é o mesmo smartphone.

Quando lançado no Brasil, o Nexus 4 foi anunciado por R$ 1.699, R$ 300 a menos do que o Optimus G. Muitos acharam o valor muito alto por ser um Nexus e as vendas foram baixíssimas. O resultado? Poucos meses depois ele era encontrado por R$ 999, e poucas pessoas deram atenção para o Optimus G. Agora, ambos são vendidos pelo mesmo preço, menor do que o dos concorrentes, mas ainda assim bastante alto para o público brasileiro.

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A verdade é que a LG infla o preço do Nexus para não canibalizar as vendas da sua linha Optimus G. Faz sentido, afinal, como qualquer empresa, o objetivo é lucrar. Porém, temos que ser sinceros, ainda mais por ser a segunda vez que isso acontece: isso é uma bagunça. Se a empresa conseguiu o contrato com o Google com um aparelho top, o mínimo esperado é honrá-lo. Simples assim. São públicos diferentes, mas mesmo assim a LG pune quem quer o Nexus por não ter escolhido o G2, que tem uma margem de lucro bem maior.

A conclusão é que os R$ 1.799 do Nexus 5 são resultado de 3 coisas: ausência de subsídio, Lucro Brasil e uma política confusa de preços da LG. É mais um episódio de um produto que tem um preço fixado que nada tem a ver com o custo-benefício, mas sim com explorar o público que paga qualquer preço que uma empresa quiser cobrar. No Brasil sempre teremos uma boa parcela de usuários que compraria um produto não importando o seu preço.

O que fazer? Não compre. A maioria dos consumidores está acordando para esse capitalismo selvagem de preços por aqui. Como dissemos, o PlayStation 4 já pode ser encontrado por R$ 2.200, o Galaxy Note III aparece em "promoções" (que no Brasil são sinônimo de desvalorização rápida e irreversível) por R$ 1.800 e assim por diante. Se as vendas estão baixas, o preço despenca, e isso está acontecendo cada vez mais rápido.

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Antes mesmo de entrarmos no segundo semestre, este preço vai baixar várias centenas de reais, então vale a pena aguardar. É só esperar que meia dúzia de usuários vá pagar o preço oficial: as vendas vão cair e a LG será obrigada a estipular um preço mais honesto para o Nexus 5. Ah sim, ele é um excelente smartphone, e o preço dele despencando acaba trazendo outros modelos superfaturados na mesma queda; então é uma questão de esperar, e não de sustentar lucros enormes de uma variedade de envolvidos.

Esperamos pagar um preço mais correto – e ele não tem 4 dígitos.