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Cientistas brasileiros imprimem minifígado em 3D — que funciona!

Por| 20 de Novembro de 2019 às 17h50

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Harvard Medical School
Harvard Medical School

Diante das filas e do tempo necessário para as doações de órgãos, cientistas no mundo todo buscam novas formas para aumentar a vida dos pacientes e diminuir o tempo de recuperação. Entre as novidades, está a impressão de órgãos em 3D, que mesmo ainda rudimentares, podem ajudar.

Agora, um grupo de pesquisadores da USP desenvolveu um minifígado, capaz de exercer as funções típicas do órgão, como produção de proteínas, secreção e armazenamento de substâncias. Tudo a partir de células sanguíneas humanas.

Testada, a invenção permite a produção de tecido hepático em laboratório, no prazo de apenas 90 dias, o que pode vir a ser, no futuro, uma alternativa ao transplante de órgãos.

Para o desenvolvimento do minifígado, foram combinadas diferentes técnicas de bioengenharia, como reprogramação celular e produção de células-tronco, junto à bioimpressão 3D. Dessa maneira, o tecido impresso mantem as funções hepáticas por um período mais longo que o registrado em trabalhos anteriores, como está explicado no artigo publicado na revista Biofabrication.

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O processo completo de produção, que termina com a formação de um minifígado, envolve desde a coleta de sangue do paciente até a obtenção do tecido funcional e pode ser dividido em três etapas: diferenciação, impressão e maturação.

Entenda como funciona

No estudo brasileiro, o grupo de pesquisadores desenvolveu os órgãos, em miniatura, a partir de matéria-prima celular do sangue de três voluntários. Para isso, foram comparados marcadores, ao longo do processo, relacionados à funcionalidade, como manutenção de contato celular, produção e liberação de proteínas. Todos os marcadores alcançados com sucesso.

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“Ainda existem etapas a serem alcançadas até obtermos um órgão completo, mas estamos em um caminho muito promissor. É possível que, em um futuro próximo, em vez de esperar por um transplante de órgão, seja possível pegar a célula da própria pessoa e reprogramá-la para construir um novo fígado em laboratório. Outra vantagem importante é que, como são células do próprio paciente, a chance de rejeição seria, em teoria, zero”, afirma uma das responsáveis pela invenção, Mayana Zatz.

O sucesso da criação está em como foram incluídas as células do órgão na biotinta, que é usada para formar o tecido na impressora 3D. “Em vez de imprimir células individualizadas, desenvolvemos uma maneira de agrupá-las antes da impressão. São esses ‘gruminhos’ de células, ou esferoides, que constituem o tecido e mantêm a sua funcionalidade por muito mais tempo”, exemplifica Ernesto Goulart, o primeiro autor do artigo.

Com essa solução, a equipe contornou um problema recorrente na maioria das técnicas de bioimpressão de tecidos humanos, que é a perda progressiva do contato entre as células, o que acarreta na não formação do tecido.

Embora a invenção brasileira tenha se limitado à produção de fígados em miniatura, Goulart enxerga a possibilidade de produzir órgãos inteiros, no futuro, para serem transplantados. “Fizemos em uma escala mínima, mas com investimento e interesse é muito fácil de escalonar”, conclui.

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Confira, a seguir, vídeo em que a equipe responsável explica a formação do minifígado:

Fonte: Agência Fapesp