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TikTok deve operar como uma empresa americana, diz consultor do governo dos EUA

Por| 17 de Julho de 2020 às 13h15

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TikTok deve operar como uma empresa americana, diz consultor do governo dos EUA
TikTok deve operar como uma empresa americana, diz consultor do governo dos EUA
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Larry Kudlow, assessor econômico e um influente consultor do atual governo dos EUA, afirmou que o TikTok deve se separar de sua atual controladora, a chinesa Byte Dance, e também operar como uma empresa norte-americana, caso queira funcionar no país sem restrições. As informações são da agência de notícias Reuters.

O governo de Donald Trump vem manisfestando crescentes preocupações com a questão de segurança dos dados manipulados pelo TikTok no país. Com isso, a rede social baseada em vídeos de curta duração corre o risco de ter seu funcionamento proibido nos EUA, conforme já afirmou o secretário do Departamento de Estado, Mike Pompeo, no início de julho.

"Não tomamos decisões finais, mas ... acho que o TikTok precisa sair da holding que é administrada pela China e deve começar a operar como uma empresa americana independente", disse Kudlow. O consultor não especificou se a propriedade do TikTok mudaria sob a estrutura proposta. Ele se recusou a comentar quando perguntado se as empresas americanas poderiam adquirir o TikTok.

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Tensão EUA-China aumenta

Quando perguntado sobre as observações de Kudlow, um porta-voz da TikTok disse a Reuters que a empresa não "se envolveria com especulações no mercado". Além disso, o representante citou ainda um comunicado divulgado na semana passada, observando que a ByteDance estava "avaliando mudanças na estrutura corporativa de seus negócios da TikTok". Além disso, a companhia afirmou "estar totalmente comprometida em proteger a privacidade e segurança dos usuários".

Os comentários de Kudlow podem ser considerados uma nova advertência de Donaldo Trump contra o TikTok. Isso porque eles vêm quando a plataforma se vê cada vez mais na mira do mandatário norte-americano, com as relações EUA-China cada vez mais tensas, seja pelas diputas comerciais e tecnológicas, seja pela pandemia de coronavírus ou a decisão de do governo chinês em restringir as liberdades em Hong Kong.

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Na quarta-feira, o New York Times, citando fontes próximas ao assunto, informou que o governo Trump estava considerando ações contra os serviços de mídia social chineses como o TikTok, usando como base a a Lei Internacional de Poderes Econômicos de Emergência. Ela dá ao presidente amplos poderes para penalizar as empresas em resposta a ameaças extraordinárias.

Sobrou também para o WeChat

Além do TikTok, outro popular aplicativo chinês está na mira do governo atual dos EUA: trata-se do WeChat, o super app chinês que, além de multimídia, executa uma série de outras funcionalidades, como sistema de pagamentos, agendamento de serviços, compra de produtos, entre outros recursos.

No última dia 12 de julho, em entrevista à Fox Business no último domingo, o conselheiro para temas comerciais da Casa Branca Peter Navarro afirmou que espera "fortes ações contra o TikTok e o WeChat", apps que seriam as "maiores formas de censura da China continental".

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Segundo o executivo, todos os dados que entram nesses aplicativos vão direto a servidores e militares chineses — no entanto, não houve qualquer prova concreta de que isso de fato ocorra. "O Partido Comunista Chinês e as agências desejam roubar nossa propriedade intelectual", brada Navarro.

A briga já atingiu a Huawei, 5G, o Reino Unido e... 

As restrições sobre os aplicativos é apenas uma extensão da briga tecnológica que o governo Trump trava contra a China. Um de seus principais capítulos envolve a gigante Huawei e a expansão pelo 5G no mundo. O presidente norte-americano afirma que a empresa seria uma espécie de "braço do governo chinês" para prática de espionagem a partir de equipamentos da marca que formam as infraestrututras de telecomunicações tanto nos EUA, quanto em outros países. No entanto, Trump nunca apresentou uma prova de que isso aconteça na práica. E que a Huawei nega, claro.

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De qualquer forma, além de banir a Huawei de sua estrutura 5G, Trump vem pressionando (e conseguindo) que alguns aliados importantes também o façam. Nessa semana, o Reino Unido anunciou que os equipamentos da Huawei que estão na infraestrutura 5G britânica sejam banidos da Grã-Bretanha até 2027. Além disso, a partir do final deste ano, fica proibida a compra de componentes da marca para as redes móveis de quinta geração na região. Para completar o cenário, as empresas de telecomunicações também serão instruídas a parar de usar a Huawei em suas infraestruturas de banda larga fixa nos próximos dois anos.

Essas decisões acertam em cheio os interesses da empresa chinesa, já que o Reino Unido era visto como a principal cartão de visitas da companhia no Ocidente. E, claro, desagradou a China, que já avisou: isso custará caro aos britânicos.

Isso porque o governo chinês - cujo PIB é 5 vezes maior que o do Reino Unido - alertou que a decisão prejudicaria os investimentos do seu país, pois as empresas chinesas observaram como Londres "despejou" a gigante das telecomunicações de seu país.

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"Agora eu diria que isso não é apenas decepcionante - é desanimador", afirmou o embaixador chinês Liu Xiaoming ao Centro de Reforma Europeia, acrescentando que a Grã-Bretanha "simplesmente abandonou a Huawei". Ainda de acordo com Xiaoming, "a maneira como você trata a Huawei está sendo seguida de perto por outras empresas chinesas, e será muito difícil para elas ter a confiança necessária para investir mais", disse ele.

Em Pequim, o Ministério das Relações Exteriores classificou a Grã-Bretanha como "um lugar relativamente pequeno" e que estava se tornando subserviente aos Estados Unidos. "O Reino Unido quer manter seu status independente ou ser reduzido a ser um vassalo dos Estados Unidos, ser a pata dos gatos dos EUA?", questionou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying. "A segurança do investimento chinês no Reino Unido está sendo ameaçada."

...o Canadá

Para além das fronteiras britânicas, a guerra comercial e tecnológica dos EUA com a China também chega a outros países de língua inglesa. Um deles é o vizinho Canadá, cuja Justiça está envolvida no julgamento de Meng Whanzou, CFO e filha do fundador da Huawei, que encara um julgamento que pode resultar em sua extradição para os Estados Unidos.

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Whanzou foi presa em dezembro de 2018 e é acusada de fraude bancária por enganar o HSBC sobre o relacionamento da Huawei com uma empresa que opera no Irã. Segundo as acusações, ela teria colocado o banco em risco de multas e penalidades por violar as sanções dos norte-americanos contra o governo iraniano.

Os advogados de Meng alegam que, como as sanções contra o Irã não existiam no Canadá no momento da prisão de Wanzhou, logo, suas ações não poderiam ser configuradas como crime em território canadense. No entanto, no último dia 27 de maio, a executiva sofreu um forte revés em sua luta contra a extradição para os EUA. Isso porque a Justiça canadense negou o argumento da sua equipe de defesa. A juíza Heather Holmes, da Suprema Corte da Colúmbia Britânica, discordou dos argumentos da defesa, alegando que o padrão legal de dupla criminalidade havia sido cumprido. Além disso, a magistrada afirmou que a abordagem de Meng limitaria seriamente a capacidade do Canadá de cumprir suas obrigações internacionais no contexto da extradição por fraude e outros crimes econômicos.

A decisão prepara o caminho para as audiências de extradição, cujo início está programado para acontecer já a partir deste mês. Nas primeiras etapas, será examinado se as autoridades canadenses seguiram a lei enquanto prendiam Meng. Os argumentos de encerramento são esperados entre a última semana de setembro e a primeira semana de outubro.

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A Huawei afirma ainda que os Estados Unidos querem interromper seu crescimento, porque nenhuma empresa norte-americana poderia oferecer a mesma gama de tecnologias que ela, a um preço competitivo. Para completar, a China diz que a proibição de atuação de uma de suas principais empresas globais de tecnologia teria ramificações de longo alcance.