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Startups querem digitalizar restaurantes de pequeno porte do interior do Brasil

Por| Editado por Claudio Yuge | 15 de Junho de 2021 às 23h20

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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Para quem mora nas grandes cidades brasileiras, pode parecer que a digitalização já está completa no país. A realidade, porém, é que ela não é tão abrangente como se gostaria. E há muitos setores cujos negócios ainda precisam passar pela transformação digital.

Foi com isso em mente que Geison Silva Correa, Keller Gonçalves do Carmo e Francimar Alves de Souza decidiram criar a GrandChef. A ideia era usar a tecnologia para melhorar os processos de estabelecimentos gastronômicos de pequeno porte — ou seja, pequenos restaurantes, lanchonetes, pizzarias e afins. “Na época, em 2016, para fazer esse controle, era preciso usar softwares caros e esse público não podia pagar por eles”, conta Geison Silva Correa, CEO da empresa.

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O objetivo da GrandChef era ousado: os sócios queriam atender clientes em todo o Brasil. “Fizemos um sistema desktop offline para gerenciamento da operação interna dessas lojas”, explica. A solução os ajudou a chegar longe: hoje, a GrandChef tem cerca de 3 mil clientes licenciados. “Em 2018, decidimos desenvolver a atualização desse software, já com base no conhecimento que adquirimos com a primeira versão.”

A equipe, então, passou dois anos criando a ferramenta — desenhada para ser uma plataforma em nuvem, do tipo software como serviço (Software as a Service – SaaS), e funcionar de forma online. A expectativa era lançar o GrandChef 2.0 no fim de 2020, mas a pandemia mudou os planos: o desenvolvimento passou por alguns percalços e a solução teve de ser adaptada. 

Correa conta que o sistema teve de incorporar o processo de entrega de refeições. “Estávamos criando uma plataforma bem robusta para melhorar a administração do ponto de venda. Quando fomos surpreendidos pela pandemia, tivemos de tirar a maioria das funcionalidades e lançar o sistema apenas como delivery”, detalha. “Com isso, nos concentramos nas necessidades mais urgentes dos restaurantes, que fecharam completamente as portas e precisavam atuar em entregas.”

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Crescimento em meio ao caos

Assim como os restaurantes, a própria GrandChef precisou se habituar ao novo cenário: muitos clientes deixaram de renovar seus contratos e a receita da empresa foi afetada. O lançamento da versão atualizada do sistema, especialmente pelas funções relacionadas a delivery, ajudou a companhia a se reerguer. “Os clientes nos chamavam para pedir uma solução. Tivemos de abandonar a plataforma que estávamos criando e, em dois meses, mudamos tudo. Foi um grande desafio, mas conseguimos crescer 60%”, diz Correa.

Uma das maiores expectativas atuais é que a vacinação traga, em breve, a possibilidade de reabertura dos estabelecimentos. O que já parece claro, entretanto, é que o mercado de entregas de refeições sai fortalecido dessa experiência. “Um não exclui o outro. Basta ver o varejo físico e as lojas online: ambos continuam aí”, pondera Correa. “O delivery vai crescer, mas uma boa experiência em um estabelecimento físico nunca vai deixar de existir.”

Já de olho nos novos hábitos dos consumidores, uma das funcionalidades do sistema permite fazer pedido sem contato mesmo no ambiente interno do restaurante. “Se o cliente não quiser interagir com o atendente, pode usar um QR code instalado na mesa do restaurante para enviar a solicitação.” Nesse caso, o garçom só aparece para entregar o prato. “Por enquanto, ainda não há entrega automatizada. Só por enquanto”, diverte-se.

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E Correia já pensa nas possibilidades que o mercado alimentício oferece. Ele diz que, antes da pandemia, o segmento tinha cerca de 1,5 milhão de estabelecimentos. “Agora, aproximadamente 600 mil fecharam, mas ainda há muito a se explorar.” Então, para 2021, a expectativa é aumentar a equipe em cerca de 50%, atingir os 4 mil clientes e ter um crescimento de aproximadamente 100% no faturamento.

Digitalização de negócios brasileiros

O processo de usar um aplicativo para receber uma refeição pronta depois de alguns minutos já não era novidade quando 2020 começou. O que ninguém esperava, entretanto, é que uma pandemia tomaria completamente todo o mundo e o uso dessas plataformas teria aumento significativo: uma pesquisa do Instituto QualiBest identificou que 76% dos 1.500 entrevistados já utilizaram algum app de entrega de refeições. Isso representa 26% de aumento em relação à pesquisa anterior, de 2018.

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Comum nas capitais, a prática chegou mais lentamente ao interior do país. E, desde janeiro, já há planos de acelerar esse processo graças à parceria entre duas empresas: a GrandChef e a Aiqfome, uma plataforma de entrega de refeições que atende pequenos restaurantes fora das grandes cidades brasileiras. “Hoje, nossa missão é digitalizar os restaurantes de todo o Brasil. Por isso, unimos esforços nesse segmento”, explica Correa.

O primeiro passo, segundo Correia, é levar as possibilidades da transformação digital para estabelecimentos do interior do país. “No segundo semestre de 2021, queremos adicionar tecnologia à operação dos negócios que estão na base de clientes do Aiqfome”, comenta. “Vamos levar tecnologia de ponta por preço acessível até eles”, completa.